A transparência na saída da crise
Em um mundo cada vez mais conectado e informado, tentar manipular qualquer resultado ou até mesmo ludibriar órgãos reguladores é algo extremamente arriscado. Nunca o vocábulo transparência foi tão utilizado, seja por acionistas ou consumidores. A Volkswagen, empresa com mais de 70 anos no mercado enfrenta grandes desafios ao protagonizar o caso mais recente envolvendo falta de transparência. Acusada nos EUA de fraudar testes de emissão de gases em seus veículos a diesel e a penalidade pode ultrapassar os 16 bilhões de euros. As perdas em bolsa após o anúncio são ainda maiores e chegam a 24,5 bilhões de euros, mostrando que a falta de transparência é punida pelo mercado.
A desvalorização motivada pela assimetria de informações, conhecida pelos economistas como seleção adversa é agravada com a falta de transparência. Entende-se que as informações boas tendem a serem sempre divulgadas, deste modo, presume-se que aquele que sonega informação não possui algo bom para divulgar.
Reconquistar a credibilidade passou a ser crucial para a sobrevivência da empresa. A saída estratégica começou com a renúncia do presidente, Martin Winterkorn. Ao assumir toda responsabilidade pelos erros, ele demonstrou que a companhia está no caminho certo, o executivo declarou que “o processo de transparência” deve continuar, uma vez que esta é a “única maneira de reconquistar confiança”.
Dois dias após a renúncia, a companhia anuncia o ex-diretor da Porsche, Matthias Müller, para assumir o posto. Ciente dos desafios, Müller deixa claro que a prioridade será recuperar a confiança, intensificando normas de governança. Diante de uma das maiores crises de credibilidade, a Volks parece agir rapidamente e deve sinalizar disposição para aumentar a transparência nos negócios e reconquistar a confiança. Não será fácil, porém os primeiros passos foram dados.
Francisco Burckas – professor universitário e consultor financeiro