Volume administrado por gestores de patrimônio cresce 8% com entrada expressiva na renda fixa
O segmento de gestão de patrimônio (de administração de bens de indivíduos, famílias ou empresas) totalizou R$ 460,4 bilhões em volume administrado no primeiro semestre de 2023. A alta representa crescimento de 8,3% na comparação com dezembro de 2022, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A alocação dos recursos aumentou em todas as classes, com destaque para a renda fixa, onde o capital desse segmento avançou 11,1%, passando de R$ 160,5 bilhões para R$ 178,3 bilhões entre dezembro de 2022 e junho de 2023.
“Em um cenário de Selic alta, é natural que os gestores busquem diversificação, rentabilidade e segurança em produtos menos arrojados, ampliado a participação da renda fixa na composição das carteiras”, afirma Fernando Vallada, diretor da Anbima.
Fundos de renda fixa, títulos públicos e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) são responsáveis pelos maiores montantes financeiros entre os instrumentos de renda fixa e respondem por 61,2% do crescimento entre todos os ativos de renda fixa. Os primeiros avançaram 7%, somando R$ 51,3 bilhões, enquanto os títulos públicos subiram 14,1%, para R$ 38,5 bilhões, e os volumes alocados em FIDCs aumentaram 14,7%, chegando a R$ 22 bilhões.
Os produtos isentos de imposto de renda cresceram 24% nessas carteiras, totalizando R$ 35,2 bilhões. Debêntures incentivadas avançaram 44,7%, chegando a R$ 7,1 bilhões. As Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs, respectivamente) registraram variações positivas de 47,5% e 15,5%, totalizando R$ 5,8 bilhões e R$ 7,5 bilhões, nesta ordem.
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) registraram aumento de 11,7%, atingido R$ 5,8 bilhões no final do semestre, enquanto o volume aplicado nos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) avançou 12,8%, totalizando R$ 5,5 bilhões. O crescimento das Letras Imobiliárias Garantidas (LIGs) foi de 17,7%, para R$ 3,4 bilhões.
Na contramão, operações compromissadas recuaram 10,1%, para R$ 3,3 bilhões, enquanto debêntures tradicionais registraram queda de 7,8%, fechando o semestre com volume financeiro de R$ 11,4 bilhões.
A entrada de 36 novas instituições, responsáveis pela gestão de R$ 58 bilhões no semestre, contribuiu para o crescimento do volume financeiro.
Apesar da Selic alta, renda variável cresce
O patrimônio líquido do segmento na renda variável aumentou 4,4%, de R$ 135,9 bilhões em dezembro de 2022 para R$ 141,9 bilhões no fim de junho deste ano.
Ações somaram R$ 31,6 bilhões, alta de 14,7% no período. Por outro lado, os fundos de ações tiveram um leve recuo de 0,3% e totalizam R$ 84,6 bilhões.
“A aplicação em ações foi estimulada pelo Ibovespa, que terminou o semestre em alta, frente ao otimismo pela queda da taxa de juros, que se confirmou no início de agosto, pela redução nos preços e pelo arcabouço fiscal. Os fundos de ações, por outro lado, demoram um pouco mais para refletir esse movimento do mercado já que os juros ainda estão na casa dos dois dígitos, tornando, muitas vezes, o investimento, menos rentável em relação à própria Selic”, explicou Vallada.
Puxado pelos fundos multimercados, o volume aplicado em produtos híbridos (que têm características de renda fixa e de renda variável) subiu 8,4%, de R$ 115,9 bilhões em dezembro para R$ 125,6 bilhões em junho. Esses produtos, que tiveram crescimento de 7,4%, somando R$ 108,8 bilhões, são responsáveis por 86,4% do total investido nos híbridos.
“As expectativas sobre a redução da taxa de juros, que permearam o noticiário econômico no semestre, e perspectivas positivas a respeito do novo governo deram fôlego a produtos mais arrojados como os multimercados”, explicou o executivo.
O volume investido em fundos imobiliários aumentou 13,7%, chegando a R$ 15,1 bilhões. ETFs (Exchance Trade Funds), por sua vez, avançaram 27,7%, totalizando R$1,7 bilhão.