Virada do ano estimula setores de contabilidade e guarda-volumes
Mesmo sem vender presentes ou produtos natalinos, empresas de diferentes setores conseguem ampliar o faturamento no fim de ano ao aproveitar a demanda criada pelo período de festas.
É o caso da área de “self storage” (armazenamento), que atende lojas e importadoras que precisam de estoques temporários.
“Nosso público-alvo são empresas que necessitam de mais espaço na época do Natal, quando precisam de um estoque maior”, afirma Thiago Cordeiro, presidente-executivo da GoodStorage. Para facilitar, ele oferece pacotes flexíveis no período, permitindo aumentar ou diminuir a metragem contratada a qualquer momento.
Segundo Cordeiro, os ganhos do Natal começam em outubro e seguem até o fim do ano, já que muitos empresários estocam mercadorias com antecedência. Os boxes variam de 1 m² até 100 m², com valor médio de R$ 77 o metro quadrado.
Também é necessário em dezembro fazer ajustes e planejamentos financeiros, o que torna o período lucrativo para escritórios de contabilidade.
O empresário Jorge Sadayoshi Ogawa, da Perfil Planejamento Contábil e Fiscal, realiza cálculos para os pagamentos do 13º salário de empresas, prepara relatórios contábeis do ano e faz planejamento tributário para os próximos 12 meses.
REAÇÃO EM CADEIA
“Em dezembro há uma grande carga de trabalho. As multinacionais costumam fechar seus relatórios no início de janeiro. Em algumas ocasiões precisamos trabalhar na véspera de Ano-Novo”, diz.
Para facilitar ao máximo o trabalho de sua equipe ele solicita com antecedência os dados financeiros de seus clientes. Segundo ele, todo esse esforço é estratégico. “Já passei entre o Natal e o Ano-Novo estudando planejamento tributário para um cliente, mas vale a pena para se diferenciar no mercado”, afirma.
O professor e coordenador adjunto do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV, Marcelo Aidar, afirma que, tradicionalmente, o Natal é mais favorável ao varejo e à indústria, mas outros setores acabam lucrando.
“É uma cadeia que envolve outros negócios. Por isso vale a pena buscar essas oportunidades, mesmo que o empreendedor não seja de um ramo sazonal, com aumento da procura em dezembro”, afirma ele.
Ele alerta, porém, sobre os riscos de trabalhar em um mercado sazonal e lembra dos custos. “É preciso calcular a viabilidade econômica.
O ideal é ter rodízio de equipe ou funcionários terceirizados. E também fazer antes uma pesquisa com clientes para saber qual é a demanda em dezembro e quais ganhos financeiros e de reputação se pode ter”, completa Aidar.
REINALDO CHAVES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA