Startups crescem 18% no País e giram R$ 2 bilhões anualmente na economia
Empresas iniciantes, as chamadas startups, avançam no Brasil e, atualmente, movimentam cerca de R$ 2 bilhões ao ano, o que representa ainda 0,03% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
A meta da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), entretanto, é que esse número alcance 5% do PIB (R$ 276 bilhões) em 2035.
Para chegar nesse valor, será necessário melhorar o ambiente regulatório e a educação empreendedora no País, ressalta Marcelo Pimenta, professor de gestão de inovação da ESPM.
“É uma meta ousada, mas há espaço para crescer se reduzirmos a burocracia institucional no Brasil”, diz.
Segundo a ABStartup, as iniciantes cadastradas na associação cresceram 18% nos últimos seis meses até outubro, de 3,432 mil, para 4,080 mil. O maior mercado é o de Software as Service (SaaS) ou “programa como serviço”, com 200 startups cadastradas e crescimento de 75% de maio a outubro.
O SaaS é uma forma de distribuição e comercialização de softwares pela internet. Logo em seguida estão as iniciantes de educação (153) e de internet (149), como os segundo e terceiro maior mercado, respectivamente.
Guilherme Junqueira, gestor de projetos da ABStartups, diz que esse números devem continuar em expansão em 2016, mesmo com a crise econômica, devido à capacidade de adaptação das empresas iniciantes.
“Acreditamos que a crise impacta positivamente o universo do empreendedorismo”, afirma. “As startups possuem um modelo de negócios muito flexível e com equipes enxutas, o que garante uma adaptação mais fácil aos diferentes cenários da economia, surgindo como alternativas competitivas com relação a grandes empresas”, complementa ele.
No próximo ano será lançado pela associação o primeiro censo das startups brasileiras, que trará informações mais detalhadas sobre o universo das iniciantes.
Adaptação
Apesar do avanço das startups, Pimenta afirma que uma expansão mais significativa virá da construção de uma “infraestrutura econômica mundial” que se adapte à dinâmica das iniciantes. “Hoje em dia, por exemplo, nem sempre um aplicativo fabricado na China pode ser trazido para o Brasil, porque, muitas vezes, acontece de não termos um suporte adequado ao seu funcionamento. Ou mesmo pode acontecer de uma tecnologia encontrar barreiras legislativas em outro país, como acontece com indústria da música, por exemplo”, explica o professor.
“A economia mundial ainda está se adaptando às mudanças trazidas pelas startups. Estão sendo pensadas novas soluções para os novos problemas que surgem. […] Creio que, com as legislações dos países se adaptando a essa realidade, novas oportunidades surgirão “, acrescenta.
O equity crowdfunding – plataforma de investimento coletivo – é outra aposta para impulsionar o crescimento das startups. Atualmente, só existe a Broota Brasil no País.
“Do ponto de vista econômico, a ideia do equity crowdfunding é interessante, pois permite que as pessoas possam ser acionistas das startups. Ou seja, eu vou poder ir ao banco e escolher investir em uma empresa iniciante”, ilustra Pimenta. “A regulamentação desse mercado, contudo, ainda está em processo de definição”, informa.
A educação empreendedora nas escolas é outro ponto defendido pelo professor. “Nossos jovens precisam de mais confiança para empreender.”
Investimento
Outros dados da ABStartups mostram que, no que diz respeito ao modelo de negócios, o B2B (comércio entre empresas) é o mais utilizado. No total, 822 startups cadastradas na associação utilizam esse modelo, que teve crescimento de 86% entre maio e outubro.
O B2C (582 startups) e assinaturas (429) são os outros modelos de negócios mais adotados. O B2C é uma modalidade em que o produto final da startup é direcionado ao consumidor. Já o modelo assinaturas são planos em que o consumidor paga uma mensalidade para ter acesso ilimitado a produtos ou serviços.
DCI