Faltam profissionais para um mercado em transformação
Faltam bons contadores para atender a um mercado cada vez mais carente de profissionais neste setor. Pelo menos é esta a constatação de especialistas da área, mesmo diante de um segmento em expansão em função de tantas alterações fiscais e aberturas de empresas. Segundo a professora e sócia da TG&C – Trevisan Gestão e Consultoria, Geuma Nascimento, o problema está na formação. “É preciso que o Conselho Federal de Contabilidade e as instituições de ensino superior implantem um plano emergencial para atrair mais jovens para o curso de ciências contábeis”, diz. Antonio Russo, contador com quase 30 anos de experiência, acredita que, além do ensino, muitos profissionais ainda não se deram conta de que a contabilidade deixou de ser uma atividade meramente mecânica e burocrática para se tornar uma ferramenta de gestão.
De acordo com Ademir Evangelista de Oliveira Junior, sócio da Hopen Contabilidade, o entrave está no fato de o contador de papel ter sido substituído pelo consultor de contabilidade digital. “No entanto, percebo que os bons contadores de ontem não acompanharam a evolução, tornando-se despreparados tecnologicamente. Além disso, muitos jovens também não se deram conta de que devem se adequar às exigências do mercado, tornando-se obsoletos”, diz.
Outro gargalo seria o fato de os profissionais terem fluência em inglês, mesmo diante de um cenário no qual se requerem cada vez mais habilidades. “A maioria dos contadores se prende à velha contabilidade do débito e do crédito somente”, afirma Geuma. Russo faz eco: “O profissional desta área não vislumbra o potencial que realmente pode alcançar, muitas vezes ficando numa zona de conforto. É imperativo que o perito considere que o idioma inglês seja tão fundamental quanto saber contabilidade”, ressalva.
Uma prova de que o mercado carece desses profissionais é o fato de que as empresas do segmento, em sua maioria, acabam tendo mais funcionários do que seus próprios clientes.Para Geuma, este fenômeno acontece porque os escritórios precisam atender os diversos clientes de forma simultânea. “Existe, ainda, a necessidade de recrutar e formar contabilistas capazes de atender a todos os tipos de empresa, segmentos e tamanhos distintos”, diz.
Outro ponto identificado no nicho é que as empresas, antes mesmo de serem abertas, procuram a orientação desses peritos, ou, pelo menos, deveriam. “O empreendedor tem de consultar um contador antes de entrar no mercado, pois, sem análises rigorosas, o negócio está fadado ao fracasso”, avalia Geuma. Russo vai além e diz que, guardadas as proporções, o contador tem o mesmo peso que o médico ou o advogado na “vida” da empresa.
Oliveira Junior, da Hopen Contabilidade, complementa, afirmando que, mais que um contador, os empresários precisam entender que necessitam de um profissional atualizado e capaz de atender às exigências digitais impostas pelo governo. “É importante que o contador seja organizado, atualizado e pontual, bem como troque informações com o empresário para tornar esta relação transparente”, conclui.
DCI