Um só gestor pode dar conta de tudo?
Uma revista especializada publicou matéria sobre uma instituição financeira que adquiriu, por R$ 30 bilhões, 31 empresas, as quais operam em 13 setores diferentes. Segundo a matéria, essas aquisições ocorreram de 2008 para cá, e tudo isso é administrado por uma só pessoa. Esse complexo empresarial tem empresas em áreas como estaleiro, varejo, farmácia, hospital, infraestrutura, imobiliária e petroleira em outro continente. Tudo foi comprado com o objetivo de aprimorar um pouco a gestão, melhorar os resultados e revender com grandes lucros. No entanto, com os passos lentos da economia brasileira, tais objetivos não foram alcançados, restando ao investidor apenas administrar empresas e, em pouco tempo (cinco anos), digerir tão complexo conjunto de companhias.
Ora, administrar empresas do porte dessas 31 é algo que envolve estudos setoriais, da concorrência, gestão, marketing, marcas, tecnologia, pessoas, investimentos, análise permanente de desempenho, gestão financeira etc, além de relacionamento com acionistas, assembleias, promoção de diretores e dirigentes. Além disso, representa operar em mercados em constante flutuação, com grande quantidade de variáveis; observar e analisar os contínuos movimentos dos muitos e distintos concorrentes; criar, desenvolver e implantar novas estratégias mercadológicas; desenvolver planos de inovação. Só assim é possível transformar essas empresas em exemplos de inovação em suas respectivas áreas.
Nesse sentido, cabe perguntar como esse administrador, nos últimos cinco anos, fez e faz para conhecer tantos setores e empresas. Além disso, muitas delas precisam de reformulações profundas, pois seu desempenho não é dos melhores, e isso exige trocar e selecionar pessoas, conhecer o potencial e a capacidade para mudar e melhorar o desempenho de cada empresa. Encontrar e encaixar muitas pessoas é uma tarefa difícil e, em geral, não muito rápida, sobretudo quando se fala de empresa privada, diferentemente do setor público em que os critérios empregados, na maioria das vezes, servem apenas para acomodar partidos políticos.
E como ficam as questões da qualidade de meio ambiente e sustentabilidade que exigem muita atenção? Afinal de contas, pode um ser humano administrar com eficácia tudo isso ao mesmo tempo? Ficam muitas interrogações e, por isso, resta, como sempre, o tempo para mostrar se isso tudo dará certo ou não.
Günther Staub – Diretor da Staub comunicação e marketing