Sempre pode piorar
Que a situação por aqui está preta ninguém duvida. Mas quando as agências internacionais de classificação de risco de crédito começam a rebaixar notas nas economias centrais, a sensação é de que (sempre) tudo pode piorar. Mas no caso do Brasil, não há indicação de que estamos na fila para um rebaixamento em breve, apesar das advertências. Hoje, a Fitch Ratings podou a nota da França, mas manteve a perspectiva estável, olhando torto para riscos impostos por elevado endividamento e incertezas quanto ao crescimento. A Standard & Poor’s, que colocou o Brasil em perspectiva negativa há pouco mais de um mês, rebaixou hoje a nota de longo prazo de nove bancos da Itália e colocou em perspectiva negativa o rating de outras 23 instituições financeiras. A movimentação dessas agências — combinada a um recuo da confiança do consumidor americano em julho e a discursos de representantes do Federal Reserve contra e a favor da redução dos estímulos monetários à economia americana–, trouxe mais inquietação ao mercado internacional e também ao doméstico.
A cada revisão de rating vem a lembrança de que temos muitas qualidades (ou fundamentos positivos). Mas é fato que muita novidade tem sido incorporada à contabilidade do setor público. É prudente, portanto, manter o pé no chão. O governo brasileiro já foi alertado sobre as contas públicas e o uso (intensivo e político) dos bancos públicos.
Mas a Fitch Ratings, por exemplo, afirmou hoje os ratings internacionais do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco Votorantim. Os ratings internacionais do BB e da Caixa estão vinculados aos ratings soberanos do país, refletindo o suporte que a agência espera que eles recebam do governo federal, em caso de necessidade.
A Fitch afirma que o BB e a Caixa são dois dos maiores bancos públicos de varejo e credores no Brasil. Ambos têm mantido suas participações de mercado ao longo dos anos, apesar da forte concorrência por parte dos grandes bancos privados de varejo e também administram cobrança e pagamento de benefícios no país. A agência diz ainda que apesar do forte crescimento recente da carteira de crédito dessas instituições, os indicadores de qualidade de ativos de ambos permaneceram amplamente estáveis em 2012 e no primeiro trimestre de 2013 e continuam ligeiramente melhores do que as médias dos grandes bancos privados.
Angela Bittencourt – Repórter e editora especializada na cobertura de economia e finanças para o Valor Econômico