Qual é o salário justo para você?
Nenhum órgão de pesquisa seria capaz de informar o número de brasileiros acima de 30 anos que jamais foi ao cinema ou leu uma obra digna de mudar o rumo de sua vida.
Executivos já experimentaram a motivação de diversas maneiras. Viajaram para outras nações, sentaram-se em cadeiras acadêmicas, conheceram clássicos do mundo inteiro através de livros, teatro ou música, discutiram em rodas intelectuais e após avançar na carreira, receberam a incumbência de motivar um pequeno exército de vice-presidentes, diretores e gerentes.
Por sua vez, este segundo batalhão lidera a grande massa de trabalhadores.
Como o conhecimento hierarquizado deveria representar a justa régua da economia e da sociedade, então, em tese, estaria tudo bem: executivos doutrinariam e motivariam seus subordinados, que em seguida transfeririam aos menos afortunados, cultural e economicamente, o aprendizado de uma vida.
Na prática, isso não tem acontecido!
Quando os salários ultrapassam cinco dígitos, muitos executivos supõem que “ralaram” demais para chegar até ali e quem quiser, que siga as mesmas dificuldades que eles passaram. Não ensinam quase nada, afinal a cultura lhes ensinou que não podem dar de “mão beijada”.
Na escala de baixo, líderes dispostos a galgar degraus usam o máximo da resiliência para tornarem-se executivos. Em efeito-vício, quando conseguem, mais uma vez, nada ensinarão.
Já aqueles que não conseguiram serão vistos a lamentar e praguejar o ambiente, a economia ou o sistema. Juntarão todos estes em um único saco e dirão que ali está a mesma farinha.
Enquanto isso, lá embaixo; muito longe desta realidade, estarão os reincidentes que atuam por muitos anos com mesmo cargo e salário. A reação comum, e não estou julgando se é certa ou errada, mas apenas relatando, é a seguinte:
– Chefe não presta;
– Chefe do chefe presta menos ainda.
O fato de contemplar vencedores como inimigos manterá estas pessoas pouco desejosas de experimentar cargos e posições progressivas.
Se almeja atingir uma posição mais elevada, deve antes de obter a vitória, dotar-se da convicção de que conseguirá infalivelmente.
Napoleon Hill (1883-1970)
Não há culpados, mas há abandonados, aqui e ali…
É ínfima a parcela de executivos brasileiros dispostos a presentear seus semelhantes com o conhecimento que adquiriram. Igualmente pequena é a quantidade e paciência dos líderes verdadeiramente dispostos a doutrinar quem insiste na atuação que não engrandece a carreira, a sociedade ou o país.
E é grande, incalculável; esta massa de profissionais disposta a ter ou ganhar resultados financeiros, mas ao mesmo tempo pouquíssimos se dispõem a seguir os passos com disciplina.
Temos, portanto:
executivos que pouco ensinam – líderes que aprendem – líderes que desaprendem – massa que assiste e os dissocia de seu convívio, odiando líderes e executivos;
E se fosse assim?
executivos que muito ensinam – líderes que aprendem e servem – líderes que repassam – massa que admira e se dispõe a conquistar espaço, substituindo os líderes e executivos de ontem…
Nesta ordem, como você acha que seria o Brasil?
O caminho existe, mas requer adoção imediata:
– Preocupação genuína dos empresários com as próximas gerações, ao invés de gabarem-se como insubstituíveis;
– Um chá de percepção para a liderança, afinal muitos ainda não perceberam que somente se tornarão executivos se formarem uma massa admiradora;
– Desejo ardente da massa por evolução pessoal e profissional, pensando em crescer bem, ao invés de somente ganhar bem.
De cima para baixo e vice-versa, não pode haver antagonismo. O combustível da mudança requer admiração mútua.
Se cada ser humano fizer sua parte, a escassez nunca mais visitará o Brasil, quiçá o planeta.
Ajude a transformar pessoas humildes em extraordinárias, bem como supostos sábios em pessoas humildes. De qualquer maneira, terá feito sua parte…
A escolha, como sempre, é apenas sua!
Edilson Menezes – Gestor de RH da Catho