Menos de 30% das empresas familiares sobrevivem até a terceira geração
As empresas familiares têm uma força econômica cada vez maior. Até 2025, mais da metade das empresas no mundo com valor superior a 1 bilhão de dólares serão familiares. No Brasil, elas correspondem a 65% das receitas do setor privado.
Apesar de todo esse potencial, as empresas familiares enfrentam alguns desafios únicos de performance e governança à medida que começam a se expandir e se distanciam das suas origens.
De fato, menos de 30% das empresas familiares sobrevivem até a terceira geração. As gerações que sucedem o fundador, por exemplo, podem insistir em dirigir a empresa mesmo quando não são talhadas para a tarefa.
Para fugir dessas armadilhas, um negócio familiar deve superar dois desafios: sustentar desempenho sólido nos negócios e manter a família unida e comprometida.
Há três grandes temas que precisam ser desenvolvidos para viabilizar uma transição geracional com sucesso:
1) Governança societária: é preciso construir políticas claras quanto a temas importantes, como vínculos legais, regras de liquidez e saídas para os acionistas, normas para gerir conflitos de interesse, dividendos, entre outros. Tudo deve estar devidamente formalizado através de um acordo de acionistas.
2) Governança familiar: envolve a criação de um conselho familiar, que será o guardião destas políticas; e de assembleias familiares, que devem ser planejadas para manter a família unida em torno de um sistema de valores comum.
3) Governança corporativa: assim como toda empresa tem uma diretoria executiva, todo grupo familiar deve ter um conselho de administração. O uso de conselheiros externos é uma boa prática, que ajuda os acionistas a fazer um contraponto importante aos executivos.
Quase todas as companhias começam como empresas familiares, mas apenas aquelas que dominam os desafios dessa forma de propriedade conseguem prosperar ao longo das gerações. O trabalho envolvido é complexo, extenso e interminável, mas as evidências sugerem que vale a pena o esforço para a família, os negócios e a economia em geral.
Pedro Guimarães, sócio da McKinsey