Fraude em empresas, atividade sofisticada
A evolução das fraudes ocorridas mundialmente nas empresas públicas e privadas tem ocasionado perdas substanciais em seus patrimônios. Num artigo recente, abordamos que o auditor não é responsável, nem pode ser responsabilizado, pela prevenção de fraudes ou erros. Pesquisas na área de auditoria mostram uma pré-disposição em nível nacional e internacional em burlar leis, normas, sobretudo aquelas relacionadas a não conformidades ocasionadas nos valores considerados nas demonstrações contábeis.
Abandono da responsabilidade: fraudes envolvendo o erário nunca foram tão acintosas como nos dias atuais, sendo, inclusive, objeto de tantas investigações. Parece-nos ter se tornado comum se deparar com constatações fraudulentas cotidianas. Coincidente e historicamente, o elevado índice de fraudes iniciou-se com abandono da responsabilidade na sua detecção pelos auditores quando da regulamentação da profissão.
Pesquisa realizada há algum tempo mostrou que, entre 150 empresas com faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 5 bilhões, 80% delas reconheceram que sua organização havia sido afetada por fraude. Isso aponta que muitas dessas empresas não mantêm controles adequados e eficientes, capazes de inibir tal ilicitude.
O novo perfil das fraudes: cobertas por elevado número de documentos falsos, estão cada vez mais sofisticadas, bem elaboradas e complexas de se descobrir. Antes, eram feitas por um único indivíduo. Hoje, passou-se para a atuação em grupo com formação de verdadeiras quadrilhas.
A situação é tão vertiginosa que algumas empresas sequer têm publicado seus balanços no prazo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Fraude por todo lugar: a fraude passou a ser uma atividade realizada não só nos países subdesenvolvidos. Existe também, aplicada de forma generalizada, nos países desenvolvidos e em instituições públicas, exigindo, portanto, nova atuação do auditor perante o novo cenário que aponta elevado número nas duas últimas décadas.
Embora não seja o papel do auditor detectar fraudes, há de se pensar numa forma de desenvolver alguma ferramenta que favoreça seus trabalhos, mitigando seus riscos, fundamentalmente, na realização de trabalhos em órgãos públicos, onde são de maior alcance.
A visão do auditor: sendo tarefa de difícil solução, o auditor deve ter uma visão mais acentuada sobre esta questão que reflete diretamente no resultado das demonstrações contábeis, nas quais é sua função atestar a fidedignidade dos seus valores.
Conscientização e consequência: deve haver mudança de comportamento ético empresarial.
Ferramentas, por mais eficientes, são apenas comandos técnicos.
Sem a conscientização, mais recursos serão investidos, mas sem efeitos práticos. Consequências? Deterioração na organização em todos os aspectos, principalmente na sua imagem e competitividade.
José Osvaldo Bozzo – Consultor Tributário