No primeiro trimestre deste ano, 43% dos cerca de 101 mil colaboradores do Itaú Unibanco estavam no modelo presencial, 21%, no híbrido, e 36%, no flexível. Durante a pandemia, o banco chegou a ter metade de sua equipe atuando remotamente.
Segundo a instituição, todas as reuniões ocorrem de forma híbrida, para que todos possam participar. “Os modelos de trabalho foram definidos depois da realização de um projeto-piloto para a retomada gradual do trabalho presencial nos escritórios, iniciado em 2021”, diz o banco.
Atualmente, os Correios têm 1.519 empregados em regime de teletrabalho (1,7% do total). Segundo a empresa, a modalidade foi implementada em 2019, antes da pandemia. Houve uma pequena redução, ante maio de 2022: eram 1.770 (2% do total).
“Essa flexibilidade de trabalho, que vem se mostrando vantajosa, é gerida por uma equipe especializada, que tem realizado estudos contínuos, visando acompanhar as melhores práticas e a legislação e aperfeiçoar os modelos e a experiência do home office”, diz o banco.
A Caixa, por sua vez, tem atualmente cerca de 9.000 empregados trabalhando em modelo remoto ou híbrido. Durante a pandemia, a empresa chegou a ter mais de 56 mil empregados (35,6% do total) trabalhando de casa.
CONTROLE DA PANDEMIA AJUDA NO PLANEJAMENTO DA EMPRESA
Após as idas e vindas durante a pandemia, os especialistas também ressaltam que as empresas se sentem mais seguras para planejar seus modelos de trabalho. Também nos Estados Unidos, alguns exemplos recentes apontam que o cenário é de adaptação.
A gestora de ativos BlackRock, com cerca de 20 mil funcionários em mais de 30 países, vai exigir que suas equipes voltem ao escritório ao menos quatro dias por semana a partir de 11 de setembro.
“Encorajamos que você faça a transição para esse modelo, aumentando seus dias no escritório, conforme sua agenda permitir, nos próximos meses”, disse um memorando assinado por Rob Goldstein, diretor de operações, e Caroline Heller, chefe de recursos humanos, segundo o jornal Financial Times.
Ao mesmo tempo, uma reportagem recente do Wall Street Journal mostra que a volta ao escritório nos Estados Unidos empacou, após a taxa média de ocupação ultrapassar 50%, no início do ano, pela primeira vez desde a pandemia. Cerca de 58% das empresas permitem que os funcionários trabalhem uma parte da semana de casa, de acordo com a Scoop Technologies.
Para Edgard Barki, coordenador do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas), é importante que o empregador mantenha uma escuta ativa e abandone decisões tomadas de cima para baixo.
“Ter mais ou menos dias remotos vai muito da cultura da empresa e do escopo de atuação dela. Na pandemia, muitos contratados moravam em cidades e estados diferentes, o que permitiu um aumento de diversidade. No momento atual, é preciso olhar para dentro e achar o que é melhor para a empresa.”
Para o empregado, olhar para dentro também é importante antes de optar por trocar de emprego para seguir trabalhado de casa, diz. O funcionário deve entender o seu perfil, fazer uma análise honesta de produtividade e disciplina e avaliar se faz mais sentido ter flexibilidade para produzir.
“O que vejo, em termos de tendência, é que há 25 anos essa questão quase não faria sentido, as pessoas preferiam ficar em empresas tradicionais, mesmo que tivessem de abrir mão de alguma coisa. Hoje, tenho alunos que preferem a flexibilidade de uma startup cheia de liberdade e de riscos.”