Tradicionalmente no Sul, Maçã começa a ser cultivada no Nordeste
Em parceria com agricultores, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) já colhe suas primeiras safras experimentais de maçã no Nordeste.
Por precisar de frio para se desenvolver, a fruta é cultivada tradicionalmente no Sul do país, mas, agora, pesquisadores fazem adaptações para levar as macieiras também para Estados como Ceará e Pernambuco.
O objetivo é produzir na época em que a oferta de frutas vindas do Sul diminui. Os frutos que chegam ao mercado nesse período já passaram por vários meses resfriados, com perda de qualidade, explica Paulo Roberto Coelho Lopes, pesquisador da Embrapa Semiárido, que coordena o projeto de desenvolvimento do cultivo da maçã na região.
“Mais fresco, o produto vai ter melhor aceitação”, diz.
No terceiro ano de cultivo, as áreas estudadas pela Embrapa têm alcançado produtividade de 28 toneladas por hectare, quase o dobro das 15 toneladas atingidas por cultivos do Sul do país com árvores da mesma idade, afirma Lopes.
Agricultor produz 15 toneladas em meio hectare e quer ampliar cultivo da fruta
O produtor Ernesto Kouki Emori, da Agropecuária Sem Fronteiras, cultiva as macieiras em meio hectare de terra no município de Tianguá (CE), na Serra de Ibiapaba, e afirma que colheu 15 toneladas do produto na última safra.
“Por não ter o plantio da maçã na região, foi bem tranquilo; quase não deu doenças e pragas”, afirma o produtor, que vendeu as frutas por R$ 40 a caixa de 48 kg à Ceasa (Central de Abastecimento).
Atualmente, Emori produz abacates e acerolas orgânicas (sem o uso de agrotóxicos) em 112 hectares, e planeja ampliar o cultivo de maçãs nos próximos anos.
“É uma opção muito boa. As frutas estão bem frescas, crocantes, doces, e têm cor por causa do sol. Tem tudo para dar certo”, afirma.
Além de Tianguá, as maçãs também têm sido produzidas no município de Petrolina, em Pernambuco. “Por ser quente e com umidade relativa mais baixa, é pequena a incidência de doenças como fungos”, afirma Lopes, da Embrapa.
No semiárido, a umidade relativa do ar dificilmente passa de 25%, mesmo quando chove, diz.
André Cabette Fábio, Uol