Tendência é de deterioração do emprego em 2015
A geração de postos de trabalho no Brasil deve melhorar em dezembro, mas a tendência ainda é de deterioração em 2015, segundo os dados dos Indicadores do Mercado de Trabalho – Indicador Coincidente de Desemprego (ICD) e Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
O IAEmp, que mostra a expectativa da variação do pessoal ocupado para os próximos meses, avançou 2% em dezembro ante novembro. Já o ICD, que retrata a percepção das famílias sobre a taxa de desemprego, recuou 1,1% no período.
“Acontece muito com as sondagens de expectativas, quando você tem um resultado muito negativo, no mês seguinte ele tenta compensar com uma variação positiva. Mas a gente não espera que (a melhora) se mantenha. Está mais para uma correção de expectativas do que para uma tendência positiva”, explicou Sarah Piassi Lima, pesquisadora do Ibre/FGV, lembrando que os indicadores registraram forte deterioração ao longo de 2014.
O IAEmp começou o ano passado aos 86,1 pontos. Em dezembro, o indicador já tinha caído para 76 pontos. “Como caiu muito, agora houve uma melhora, mas não deve ser uma retomada do emprego. Esse indicador não vai voltar ao patamar de maio de 2014 (aos 79,3 pontos). A tendência para os próximos meses é que fique estável ou que volte a cair gradualmente”, disse Rodrigo Leandro de Moura, pesquisador do Departamento de Economia Aplicada do Ibre/FGV.
Segundo Moura, o indicador mostra que o emprego deve registrar alguma melhora em dezembro, ou até fevereiro, no máximo. O índice já desconta os efeitos sazonais, como o tradicional aumento nas contratações durante as festas de fim de ano. Entretanto, a última vez em que o IAEmp esteve em patamar tão baixo foi no começo de 2009, época da crise financeira mundial.
Entre os setores que puxaram a melhora em relação a novembro está a indústria. “Melhorou mais a situação dos negócios da indústria, não tanto a questão do emprego previsto”, ponderou Moura.
No caso do Indicador Coincidente de Desemprego, o resultado aponta para uma expectativa de redução na taxa de desemprego em dezembro. “Se nosso indicador estiver certo, a taxa de desemprego deve cair de novembro para dezembro, já considerando o ajuste sazonal. De qualquer forma, há tendência de alta. O ICD deve permanecer subindo, o que significa que o desemprego vai subir, principalmente por causa do aumento da PEA (população economicamente ativa). A oferta de trabalhadores deve aumentar em 2015”, previu Moura.
FolhaWeb