“Seu filho vai fazer o que ele quiser”, diz especialista
Receitas caseiras podem ajudar os pais a direcionarem melhor os filhos na escolha de um curso universitário. Na busca das carreiras do futuro, empurrar os adolescentes para carreiras que se dizem promissoras não é o melhor caminho. O ideal, de acordo com a professora da FEA-USP Tania Casado, é entender as habilidades e interesses de cada um deles, buscando, a partir daí, qual curso universitário pode dar o melhor início para sua futura vida profissional. “O primeiro passo é sentar com o filho e deixar claro que ele vai fazer o que ele quiser”, diz a professora.
Tania coordenou a pesquisa do Escritório de Carreiras da USP que mapeou as 10 carreiras do futuro. Veja abaixo dicas da especialista e envie suas perguntas nos comentários. A transmissão acontece às 11h nas redes sociais e no portal do Estadão.
O que o meu filho precisa saber para entrar no mercado de trabalho?
Ele precisa saber que o mercado mudou. A carreira não é mais uma sequência de cargos. Tem a ver com autonomia, autoconhecimento. E que é preciso cultivar uma rede de relacionamentos.
Como direcionar a criança para alguma área? Como descobrir as aptidões?
É preciso entender como essa criança funciona, em que ela tem facilidade. É em tecnologia? É na conexão com os outros? Eles devem prestar atenção a essas aptidões desde cedo.
E com adolescentes? Como direcioná-los melhor para a universidade?
Os pais têm de notar o que eles gostam de fazer, os assuntos pelos quais eles se interessam, e, também, o que eles não gostam. O boletim pode ser um bom termômetro para isso. É preciso saber o que eles têm prazer em fazer. Se a família tem condições, vale encaminhar o adolescente para uma orientação de carreira profissional, que não são dicas de escolha de profissão, teste vocacional, nada disso. É algo muito mais amplo. Se não há condições para isso, existem algumas receitas caseiras.
E quais são elas?
O primeiro passo é sentar com o filho e deixar claro que ele vai fazer o que ele quiser. Evitar aqueles conselhos do tipo: ‘Olha faz administração, porque você não sabe o que você quer’. Vale a pena incentivar o estudante a conversar com pessoas próximas da família, além dos pais, e perguntar como essas pessoas o veem. Saber o que elas enxergam de habilidades e qualidades nele. Isso pode ajudar a dar pistas do que ele mesmo gosta de fazer. Além disso, é comprovado que o trabalho voluntário ajuda a desenvolver habilidades e competências nos jovens. Pode ser muito interessante.
Qual é o melhor momento para começar a se preparar para o mercado?
É importante falar para os alunos de ensino médio que a reputação deles e a rede de contatos que eles vão usar durante toda a carreira, começam a ser construídos desde a escola. Estudar para tirar boas notas é importante para o vestibular, mas também para a construção dessa reputação. Além disso, mesmo em grandes faculdades, há recrutadores que vêm em busca dos melhores históricos de boletins. Não basta estar em uma boa faculdade apenas.
Fonte: Folha de São Paulo