Setor automobilístico reage e montadoras preveem investimento bilionário no país
Diante do bom desempenho do setor automotivo nas exportações e da singela melhora da economia, empresas começam a tirar projetos da gaveta. Apenas neste ano, cinco grandes montadoras anunciaram mais de R$ 10 bilhões em investimentos de ampliação, construção e melhora das linhas de produção. O tamanho da aposta do setor no Brasil, segundo especialistas, evidencia o quanto essas companhias estão confiantes quanto aos próximos anos.
Projeções de economistas de instituições financeiras explicam o motivo dessa aposta no Brasil. Nesta semana, analistas revisaram para cima a projeção de crescimento da economia brasileira para este e para o próximo ano. Agora, a expectativa é de que o Produto Interno Bruto (PIB) avance 0,70% em 2017, ante estimativa de 0,68%.
Para 2018, as projeções apontam para um crescimento de 2,38% da economia brasileira. Anteriormente, essa estimativa estava em 2,30%. Os números constam do Boletim Focus, documento semanal elaborado pelo Banco Central com estimativas de cerca de 100 analistas.
Com esse cenário no radar, a Toyota anunciou recentemente que fará um aporte de R$ 1 bilhão na unidade de Sorocaba (SP) para a fabricação do Yaris. A produção terá início no segundo semestre de 2018 e deve gerar 500 novos empregos, segundo a empresa.
Mais investimentos
Em março deste ano, a montadora japonesa já havia anunciado R$ 600 milhões para produção de uma nova geração de motores do Corolla, que deixarão de ser importados para serem produzidos na fábrica de Porto Feliz (SP), ampliando a capacidade de produção de 108 mil para 174 mil motores por ano. A expectativa é de que essa expansão gere 250 novos empregos diretos.
Além da Toyota, Volvo, Renault, General Motors (GM) e Volkswagen também anunciaram que vão investir. A GM, por exemplo, dividirá o aporte financeiro entre o Complexo Industrial de Gravataí (RS) e as unidades de São Caetano do Sul (SP) e de Joinville (SC).
Polo
“Continuamos a ter enorme relevância para as exportações brasileiras, com um ritmo de crescimento bastante forte, de 62% no acumulado de 2017”, disse o presidente e diretor-executivo da Volkswagen do Brasil e América do Sul, David Powels. A Volkswagen vai investir R$ 2,6 bilhões na fábrica de Anchieta (SP) para produzir o Novo Polo.
“Temos intensificado nossos contatos com os mercados das regiões da América do Sul e América Latina para manter o bom desempenho, que impulsiona os resultados de todo o setor”, explicou.
Especialistas destacam papel da indústria na geração de emprego
Dados de entidades que representam a indústria automobilística mostram a recuperação do setor nós últimos meses, voltando a gerar emprego e renda no País. A expectativa de especialistas é de números cada vez melhores nos próximos meses.
Diretor do setor automotivo da consultoria KPMG, Ricardo Bacellar, afirmou que a retomada do emprego começou, com fábricas reativando turnos que haviam sido fechados por conta da crise passada. “A indústria local está fazendo investimentos consistentes no País. E há expectativa sim de que os empregos vão ser retomados”, avaliou.
Com produção que o coloca entre os principais fabricantes de automóveis no mundo, o Brasil tem um mercado consumidor amplo, com sua população de 200 milhões de habitantes. “São potenciais consumidores de produtos e serviços da indústria automotiva”, observou.
Novas tecnologias
De acordo com Bacellar, o setor automotivo vai passar por uma transformação e o carro, como é conhecido hoje, deve evoluir em um curto espaço de tempo. “A indústria passa pelo maior movimento de transformação da sua história em 100 anos”, ponderou. Por isso, na visão dele, o Brasil não pode ficar de fora desse movimento.
Por isso, as montadoras têm apostado em inovação e tecnologia para garantir as vendas no exterior e no mercado doméstico. Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, a indústria brasileira “deve olhar de forma ampla para todas as tecnologias disponíveis”.
“Um grande desafio é como vamos nos inserir no mercado. Temos de olhar para o que está sendo feito lá fora. Precisamos inserir essas tecnologias e produtos aqui no Brasil para que possamos, gradualmente, fazer parte da discussão global do assunto”, defendeu.