Selic pode subir para segurar a inflação
O Banco Central (BC) deve agir de forma “contundente e tempestiva” para retomar o controle da inflação, disse nesta quinta-feira (03/12) Tony Volpon, diretor de Assuntos Internacionais do órgão.
Em discurso para investidores do banco de investimentos J.P. Morgan Brazil, em São Paulo, ele reiterou a indicação da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada mais cedo, de que a taxa Selic (juros básicos da economia) será elevada nos próximos encontros.
O diretor foi um dos dois diretores do BC que, na reunião do Copom da semana passada, votaram pelo aumento dos juros básicos em 0,50 ponto percentual.
O outro integrante do BC a votar a favor do reajuste da taxa foi Sidney Marques, diretor de Organização do Sistema Financeiro. Na ocasião, a Selic foi mantida em 14,25% ao ano, no maior nível desde outubro de 2006.
“Um ajuste monetário eficiente vai contribuir para a retomada da economia. Hoje, o controle efetivo da inflação é uma condição necessária para a recuperação do crescimento econômico sustentável”, disse Volpon.
Ele rejeitou as alegações de que o Banco Central está sendo leniente no controle da inflação e classificou de preocupante o fato de o indicador oficial, medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ter ultrapassado 10% ao ano no acumulado de 12 meses.
Segundo Volpon, a superação do nível de 10% ao ano tem uma carga simbólica que não pode ser ignorada e tem potencial para incentivar um comportamento mais defensivo via indexação por parte dos agentes econômicos.
“Venho aqui rechaçar, veementemente, qualquer hipótese de perda de eficácia da política monetária e de uma suposta falta de disposição do Banco Central em cumprir sua missão primordial de assegurar a estabilidade do poder de compra da nossa moeda”, disse.
ATA DO COPOM
De acordo com a ata do Copom, divulgada nesta quinta-feira (03/12), o BC destacou que tomará as medidas necessárias para controlar a alta da inflação, independentemente da situação do ajuste fiscal e do cenário de incertezas na economia.
O documento ressaltou que a autoridade monetária trabalhará para que a inflação não estoure o teto da meta, de 6,5%, em 2016 e convirja para o centro (4,5%), no ano seguinte.
De acordo com Volpon, a inflação está alta neste ano por causa principalmente de reajuste de preços administrados, como combustíveis e energia elétrica. Ele, no entanto, expressou preocupação de que o nível atual dos índices de preços leve à indexação da economia e ao aumento generalizado de preços.
Nos últimos meses, a inflação divulgada tem superado, por margens relevantes, as projeções do mercado. E o índice de difusão, medindo o percentual de preços apresentando alta no mês, tem acelerado e superado o patamar de 70% [dos produtos pesquisados]”, destacou.
Volpon ressaltou, no entanto, que o mercado tem feito ajustes na economia em meio às dificuldades para executar o ajuste fiscal e ao clima de incerteza.
Ele citou a diminuição do déficit nas contas externas, provocado pela queda nas importações, e o ajuste de preços relativos provocado pelo fim do controle de preços administrados.
Diário do Comércio