13/08/2009
Se depender da inflação, juro pode cair mais
Essa é a avaliação de economistas ao observar os mais recentes dados de variação de preços no País. IGP-M e IPC-Fipe, por exemplo, apuraram deflação na primeira prévia de agosto. Dólar em baixa também ajuda a segurar preços.
alegação dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom), de que a queda da taxa básica de juros (Selic) poderá ser suspensa na próxima reunião por conta do risco de aumento da inflação parece não se justificar. Dois índices divulgados nessa semana demonstram que o custo de vida não é um problema relevante neste ano: o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) caiu 0,35% na primeira quadrissemana de agosto e o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), teve deflação de 0,68% na primeira prévia. “Tudo caminha para encerramos 2009 com inflação abaixo da meta do governo, de 4,5%”, diz o professor Antonio Evaldo Comune, coordenador da pesquisa da Fipe.
Segundo ele, apesar de alguns aumentos sazonais, como o de energia elétrica, que ocorrerá em agosto e vai pressionar a inflação neste mês, não há nada no horizonte que tenha impactos mais fortes nos preços. Comune lembra que, ao contrário do que ocorreu há um ano – demanda mundial por alimentos muito aquecida, com pressão sobre os preços das commodities – neste ano a crise derrubou a demanda e os preços acompanharam. “Não há nuvem negra no horizonte que possa trazer surpresas. Mesmo a correção da tarifa de energia elétrica, que deverá ficar próxima aos 9%, com forte impacto no índice de agosto, irá se diluir ao longo do ano.”
Câmbio – O professor de finanças da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e da Fundação Instituto de Administração (FIA), Keyler Carvalho Rocha, também diz que a inflação oficial (medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo-IPCA, do IBGE), ficará abaixo da meta.
Todos os índices têm variações dentro do esperado para que se cumpra a meta”, afirma. Para o professor, pesa favoravelmente para o controle da inflação a desvalorização do dólar em relação ao real. “Com o dólar em queda, o produtor brasileiro não pode subir os preços, sob o risco de o consumidor migrar para produtos importados, que chegam mais baratos ao País. A moeda desvalorizada ajuda a manter a inflação controlada”, diz Rocha.
Considerando apenas o risco da inflação, os economistas acreditam que não existem motivos para o Banco Central interromper a queda da Selic. “Os índices recentes mostram que não há pressão inflacionária no momento. Portanto, se o governo quisesse, poderia continuar com as reduções da Selic”, afirma Tharcisio Souza Santos, diretor do MBA da Faculdade Armando Álvares Penteado (Faap).
O que atrapalha, na opinião do professor, são as contas públicas, cujo superávit primário caiu drasticamente, enquanto o déficit nominal subiu na mesma velocidade.
“O regime de meta de inflação pode ser controlado pela política monetária ou pela política fiscal. Como a fiscal está frouxa, não resta ao Banco Central outra saída a não ser apertar a política monetária, interrompendo a tendência de queda da Selic”, diz Santos.
Fonte: Diário do Comércio
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