Saiba por que muitos joinvilenses estão se tornando microempreendedores individuais
Rosiane Machado e Wylliam Renken não se conhecem e nem exercem a mesma atividade, mas, desde o ano passado, vivem histórias parecidas. Eles estão no final da cadeia que sente os efeitos da redução da atividade econômica nas indústrias de Joinville.
Wylliam trabalhava em uma empresa que fornecia componentes para indústria automotiva. Pouco a pouco, os clientes começaram a paralisar projetos e o local onde Wylliam atuava teve que reduzir o quadro.
Rosiane, por sua vez, trabalhava para uma empresa que atendia grandes indústrias na área de ginástica laboral e saúde, atividades que entraram na lista de cortes das grandes corporações. Um a um, os clientes que Rosiane atendia deixaram de contratar o serviço para enxugar o orçamento. Sua empresa fez o mesmo.
Como ambos já percebiam o rumo dos acontecimentos e tinham o desejo de empreender, não perderam tempo: entraram para a estatística dos que passaram da condição de funcionário para a de microempreendedor individual (MEI) após perderam o emprego. A boa notícia é que os dois gostaram da nova vida.
A lei federal que criou o microempreendedor individual (MEI) é de 2009. O coordenador regional do Sebrae-SC, Jaime Dias Júnior, diz que a legislação tem se tornado mais conhecida nos últimos anos e agora chega à fase de consolidação. A adesão é crescente, segundo ele, por duas razões.
– Muitos que trabalhavam na informalidade encontraram condições para formalizar o negócio e o desemprego também contribui para a decisão de se tornar MEI – afirma.
Desde o início do ano, o MEI foi a opção para 1,3 mil joinvilenses. Na comparação com os quatro primeiros meses de 2015, o ritmo de crescimento tem se mantido estável. Mas o site DataSebrae mostra uma evolução significativa desde o surgimento da lei. Em 2010, havia apenas 2 mil MEIs em Joinville. No final de abril deste ano, são 19,6 mil.
Joinville em segundo lugar
Joinville é a segunda cidade com maior número de MEIs em Santa Catarina. A primeira é Florianópolis. A adesão tem sido mais forte do que no Simples em Joinville. De 2014 para 2015, a adesão ao MEI cresceu 24,7%, enquanto no Simples Nacional aumentou 16%, revela o DataSebrae.
Suporte gratuito
Para quem quer se tornar MEI, vale a pena procurar o Sebrae. Além de sanar todas as dúvidas e ajudar com os procedimentos de abertura da empresa gratuitamente, oferece uma série de oficinas e cursos de graça para ajudar o negócio.
O Sebrae também lançou um pacote de serviços com subsídio no valor de aproximadamente 40% para quem está começando. São soluções que fazem parte de qualquer negócio, como cartão de visita, logomarca, website, folder, fanpage, entre outros.
Mais tempo para a filha
Rosiane Machado, 29 anos, tornou-se MEI em julho de 2015 e fez algo comum a muitos que deixam o emprego formal para seguir o empreendedorismo: levou o conhecimento e experiência que oferecia a um empregador para o seu próprio negócio.
Profissional de educação física, trabalha com condicionamento físico de adultos, jogos mentais e palestras para empresas. Quando estava empregada, fazia alguns trabalhos paralelos na informalidade e, em 2013, procurou o Sebrae pela primeira vez .
– Já observava que as grandes empresas estavam fechando turnos de produção e eu dava ginástica laboral no turno da noite – constatou.
Ao se tornar MEI, na própria casa, a empreendedora diz que passou a correr atrás de contratos e sente a necessidade de mostrar serviço para manter o ritmo de trabalho. Por outro lado, tem mais tempo para filha de quatro anos e tornou-se mais exigente consigo mesma em relação ao conhecimento e à evolução profissional.
Futuro de empreendedor
Wylliam Renken, 24 anos, trabalhava há seis anos como projetista mecânico até perder o emprego em agosto de 2015. Neste ano, abriu o MEI em casa para trabalhar com serviços de manutenção e reparos na área de construção civil, enquanto cursa a faculdade de Engenharia Mecânica, em Joinville.
– Abri a empresa em duas semanas – recorda-se.
Conseguir clientes não foi difícil. Os colegas que atuavam com serviços afins indicaram o amigo e o trabalho ganhou ritmo próprio. Quando se formar, Wylliam quer continuar com a empresa e trabalhar na área de engenharia.
– Quando me tornei MEI, vi que não queria mais voltar para o escritório. Agora minha responsabilidade aumentou e estou fazendo vários cursos – conta animado.
SAIBA QUEM PODE SER MEI
Quem se enquadra em uma das 480 atividades regulamentadas. Ex: vendedor de roupas, doceira, cabeleireiro, manicure, costureira, borracheiro, fabricante de bijuterias, diarista. Confira quais são as atividades no Portal do Empreendedor.
Quem exerce atividade com faturamento de até R$ 60 mil por ano
Quem não é sócio ou titular de outra empresa e não possui filial
Quem trabalha sozinho ou tem no máximo um empregado
Quem tem CPF ativo
VANTAGENS
O MEI não precisa ter loja ou um lugar certo para abrir sua empresa, pode trabalhar em casa
A lei federal que criou o MEI garante que a residência, quando utilizada como endereço do MEI, não terá alteração no valor do IPTU para enquadrá-lo à cobrança como estabelecimento comercial
O MEI não paga nada na hora de abrir a empresa e a carga tributária mensal é bem menor do que em outras modalidades de empresa, ficando entre R$ 44 a R$ 50 todo mês.
Assim como outras empresas, o MEI é pessoa jurídica: tem CNPJ, acesso a produtos e serviços bancários e crédito. Existe linha de crédito especialmente para o MEI.
Quem é MEI pode contar com a Previdência Social, e recebe benefícios quando impossibilitado de trabalhar temporária ou permanentemente
Como pessoa jurídica, pode emitir nota fiscal e vender para outras empresas e para o governo
Quem é MEI pode fazer cursos gratuitos do Sebrae. Existem oficinas presenciais e mais de 30 cursos online (htttps://ead.sebrae.com.br)
Dúvidas: consulte o site: portalempreendedor.gov.br ou ligue para o Sebrae 0800 570 0800
ANotícia