Resultados eleitorais impulsionarão fundos de ações ou cambiais em 2019

Apesar da projeção de um “ambiente benigno” com o próximo presidente, executivos ponderam cenário binário de possibilidades. Destaques ainda são de multimercados e previdência aberta
Os fundos de ações ou cambiais serão destaque em 2019 a depender do resultado eleitoral no País. Além disso, o cenário macroeconômico também deve continuar impulsionando os fundos multimercados no varejo e previdência aberta no private banking.
As projeções são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
“De um lado, a Selic [taxa básica de juros] no menor nível histórico traz uma boa tendência para multimercados e previdência aberta”, explicou o presidente do Comitê de Private Banking da Anbima, João Albino.
“A grande novidade é que, conforme se deem as eleições, os fundos de ações possam avançar bastante e bem rápido”, completa.
Da outra ponta, também dependendo dos resultados das eleições, os fundos cambiais também podem ter destaque a partir do ano que vem.
“Precisamos estar atentos e antecipar esse movimento, porque quando começa a andar, é muito rápido. As expectativas estão mais voltadas para um cenário benigno, onde são os fundos de ações que realmente devem ganhar espaço” acrescenta o executivo.
Segundo os dados divulgados ontem pela associação sobre a distribuição de produtos de investimento entre o varejo tradicional, o de alta renda e o private, a distribuição do volume financeiro apresentou aumento de 8,9% no primeiro semestre frente igual período de 2017, de R$ 2,427 trilhões para um total de R$ 2,644 trilhões.
O segmento que mais cresceu no período foi o private, com alta de 12%, de R$ 878,5 bilhões para R$ 919,4 bilhões. Em seguida veio o varejo de alta renda, que avançou 10,6% na mesma base de comparação, de R$ 742,7 bilhões para um total de R$ 821,3 bilhões.
De acordo com o presidente do Comitê de Varejo da Anbima, José Ramos Rocha, a menor atratividade em ativos de renda fixa trazidos pelos juros baixos, dão fôlego para que o de alta renda aumente a participação no volume de investimentos nos próximos meses.
“O varejo tradicional tem clientes mais conservadores e o de alta renda aceita um maior apetite a risco, o que justifica a entrada em multimercado e nos fundos cambiais. Assim, os multimercados também devem ganhar cada vez mais espaço”, disse.
Do lado do varejo tradicional, com menor disposição ao risco, a poupança continua sendo mais atraente. No primeiro semestre, a modalidade alcançou 63,3% de participação no segmento, valor 1,8 ponto percentual maior do que o visto em igual intervalo do ano passado (61,5%).
“Por conta da baixa atividade econômica, os destaques negativos ficam com os papéis isentos, por questão de lastro, e com as operações compromissadas”, avalia Rocha.
Impactados pelo baixo movimento no mercado de crédito, as Letras de Crédito Imobiliário e de Crédito do Agronegócio (LCIs e LCAs) mostraram quedas de 2,2 p.p. e 0,7 p.p. na mesma relação, para 5,4% e 1,5%, nesta ordem.
“Nesse sentido, a redistribuição de recursos para renda fixa e poupança acaba acontecendo”, completa Rocha.
Private Banking
Da outra ponta, apesar de ainda conter a menor participação no segmento de private banking, o destaque ficou com previdência aberta, que demonstrou um aumento de 23,9% no primeiro semestre ante o mesmo período de 2017, de R$ 85,5 bilhões para um total de R$ 106 bilhões.
“Isso acontece, principalmente, pela melhora da rentabilidade dos fundos de previdência, que demonstram um retorno cada vez maior”, afirma Albino, da Anbima.
Ainda de acordo com o levantamento da associação, o destaque do private bankingfica com a emissão de dívidas corporativas, cuja participação avançou 2,9 p.p. na mesma relação, de 4,1% para 7%.
“Isso também é reflexo da Selic menor”, comenta Albino e reforça que, além das debêntures, as operações incentivadas – como Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) – também começam a ter força.
“São produtos que demonstram um papel importante, não só no mercado de capitais para a dívida das empresas, mas também para o cliente pessoa física que busca rentabilidade e isenção de imposto de renda”, conclui o executivo.
Fonte: DCI