Relator tira de MP trecho que desobrigava pequenas empresas de criar Cipa

O deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), relator da medida provisória da liberdade econômica – Foto: Reila Maria
O relator da medida provisória da liberdade econômica, deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), afirmou nesta segunda-feira (12) que retirou do projeto trecho que desobrigava pequenas e micro empresas de criar Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, a chamada Cipa. Pelo texto original, locais de obras com menos de 20 trabalhadores também não precisariam criar a estrutura.
Goergen deu a declaração ao chegar em seminário que discute a medida provisória da liberdade econômica (MP 881), no Superior Tribunal de Justiça (STJ), na manhã desta segunda. A medida já foi aprovada em comissão especial da Câmara. A expectativa é a de que o texto seja analisado no plenário da Casa nesta terça (13). Na sequência, terá de passar pelo Senado.
As normas já estão em vigor desde 30 de abril, quando a MP foi editada e precisam ser aprovadas no Congresso até o dia 27 para não perder a validade.
O relator afirmou que corrigiu “vários pontos de inconstitucionalidade” na medida provisória e que alterou pontos do texto para reduzir o “atrito” sobre o projeto.
“Tiramos, por exemplo, a questão das Cipas, que era uma intenção nossa liberarmos a implantação dela. Tinha uma reação muito grande dentro da Justiça do Trabalho e consequentemente nos revisamos esta posições e é bom exemplo do que fizemos de recuo”, disse Goergen.
De acordo com o deputado, foram alterados “uma série de outros pontos”, mas não listou as mudanças.
“Ainda vamos fechar ao longo dessa segunda-feira e desta terça-feira alguma negociação. Então itens podem voltar e sair ainda do texto até mesmo em plenário em destaques”, declarou.
Proposta do governo
Segundo o governo, o objetivo da medida provisória é reduzir a burocracia em vários setores. Pelos cálculos da equipe econômica, as mudanças podem gerar mais três milhões de novos empregos. São ações para reduzir a burocracia, diminuir entraves de diversos setores da economia: agronegócio, transportes, comércio.
Entre os principais pontos, o projeto regulamenta o trabalho aos domingos e feriados com pagamento em dobro ou folga, com pelo menos um domingo de folga a cada sete semanas. O texto também permite que o trabalhador deixe de bater o ponto. Quem exerce atividade de baixo risco, como costureiras ou sapateiros, não precisará mais de alvará.
A MP também traz mudanças em documentos. As novas carteiras de trabalho serão digitais e emitidas pelo Ministério da Economia. A impressão em papel passará a ser exceção.
Na área da saúde, o ministério vai poder criar um sistema que permita que os médicos do SUS emitam receitas digitais de remédios. Essa receita substituiria a de papel, que a gente apresenta na farmácia.
O economista Carlos Honorato comentou impacto econômico da medida nesta manhã, na GloboNews (assista no vídeo).
Paulo Guedes
Em discurso durante a abertura do seminário, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que uma dos principais propostas da medida provisória é limitar os abusos do Estado.
Segundo Guedes, o cidadão é livre para explorar atividades econômicas e, caso o Estado queira interferir, deve esclarecer seus motivos.
“Se o governo quiser limitar, ele tem de explicar o porquê está fazendo isso. Por que está criando estatal para interferir na atividade econômica? Por que está controlando o preço? Por que está impedindo a competição? Por que que ele está permitindo e reforçando através da legislação que é capturada por piratas privados, permitindo a exploração de 200 milhões de trouxas por meia dúzia de carteis”, afirmou.
Guedes ainda pediu paciência com o governo. “Dê um ano ou dois. Dê um governo, de uma chance de um governo de quatro anos para liberal a democracia. Não trabalhem contra o Brasil, tenham um pouco de paciência. Saibam esperar a sua vez”, declarou.
Segurança Jurídica
O vice-presidente da Câmara, deputado Marcos Pereira (PRB-SP), disse que é preciso excluir do texto temas que possam ser contestados na Justiça em nome da segurança jurídica.
Ele defende que assuntos polêmicos e que podem ser judicializados sejam tratados em projetos específicos para evitar atraso na aprovação da matéria no plenário da Câmara.
“Por exemplo, a possibilidade de discutir processo civil, legislação trabalhista. Aquilo que não veio com a MP originalmente precisa ser avaliado com muito critério”, declarou.
Fonte: G1