Redes sociais e Google ganham muito com jornais e dão pouco em troca, dizem editores
Diretores de grandes jornais do país reafirmaram sua posição crítica em relação a Facebook e Google em evento em São Paulo para discutir os novos paradigmas da comunicação do Brasil.
Os grandes jornais retiraram seu conteúdo do site Google News, e “O Globo” não publica mais links no Facebook, apenas chamadas para suas reportagens.
“Eu vejo apenas um lado ganhando. As redes sociais se valem desse conteúdo de mais valor produzidos pelos meios profissionais, monetizam isso, mas devolvem pouco de volta”, afirmou Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, em seminário promovido pelo Inma (International News Media Association).
A visão é compartilhada por Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do “Estado de S. Paulo”, e Ascânio Seleme, diretor de Redação do “Globo”.
Para Gandour, existe uma ilusão, porque Facebook e Google são empresas privadas que estão ganhando dinheiro com o conteúdo produzido por meio do investimento dos grandes veículos de comunicação.
“O Facebook está usando dados dos nossos leitores, do jeito que eles estão consumindo informações para ganhar dinheiro com isso. É mais uma maneira de tirar dinheiro dos jornais”, afirmou Marta Gleich, diretora de Redação da “Zero Hora”.
Segundo Dávila, é preciso encontrar um novo equilíbrio nessa relação –audiência que os jornais ganham com o acesso gerado nessas redes não é suficiente para igualar o que o Facebook e Google ganham com o conteúdo dos jornais.
Na França, o Google pagará € 60 milhões aos jornais franceses e continuará indexando o conteúdo em sua página.
Os diretores debateram novas maneiras de gerar receitas em uma época de migração dos leitores do conteúdo impresso para o on-line –que cria novas fronteiras entre o conteúdo comercial e editorial.
Dávila mostrou a experiência do “paywall”, implantado na Folha em 2012, e afirmou que os principais temores foram superados. Segundo ele, a audiência aumentou, os assinantes aderiram ao novo modelo e a publicidade digital cresce a taxas de dois dígitos.
O editor-executivo reafirmou no evento a necessidade de separação entre os setores comercial e editorial para a manutenção da qualidade do conteúdo.
Folha de S. Paulo