Recursos do BNDES a pequena empresa vão a nível recorde
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para micro, pequenas e médias empresas bateram recorde no primeiro trimestre deste ano, ao somarem R$ 15,1 bilhões. O resultado equivale, segundo o divulgado ontem pela instituição, a um aumento de 50% em relação ao mesmo período do ano passado.
“A recuperação do investimento não esteve concentrada em grandes empresas e grandes projetos. O número também mostra que a comercialização de máquinas e equipamentos revela uma recuperação do investimento da base da indústria e na base da economia”, disse o presidente do banco, Luciano Coutinho.
Na semana passada, ao ser questionado pelo DCI sobre o papel do BNDES no setor, o presidente do banco de fomento comentou que o foco da instituição nas micro e pequenas poderia ser maior se não fossem os recursos disponibilizados para “grandes clientes”, o que inclui os estados, para investimentos em exportação e em projetos de infraestrutura. De qualquer forma, ele afirmou que a participação das micro, pequenas e médias empresas no BNDES é “significativa”, principalmente por conta do Finame do Cartão BNDES.
Ontem, Coutinho disse que a retomada dos investimentos nas pequenas e médias empresas é uma tendência saudável para a economia. “Porque a base de micro, pequenas e médias empresas precisa melhorar em nível de automação e precisa de mais equipamentos para se tornar mais eficiente, para gerar ganho de produtividade”, justificou.
Para o professor da Anhembi Morumbi, Osmar Visibelli, esse resultado confirma o desenvolvimento deste setor e a ampliação de sua participação na economia nacional. “A opinião do presidente do BNDES está coerente com a situação atual”, disse.
Com relação ao total dos desembolsos do banco, ao alcançarem R$ 37,2 bilhões no primeiro trimestre deste ano, também apresentaram o maior valor da história para o período, o que indica, segundo o BNDES, “uma recuperação expressiva dos investimentos, com destaque para as liberações destinadas a máquinas e equipamentos e ao setor industrial”. Na comparação com o acumulado de janeiro a março do ano passado, os desembolsos subiram 52%.
“O ritmo das aprovações do banco vai na mesma direção da retomada do nível de atividade, com R$ 40,7 bilhões e alta de 51%”, considerou o BNDES.
A indústria respondeu por 36% (R$ 13,5 bilhões) dos desembolsos totais, com forte alta de 109%. Todos os segmentos industriais tiveram resultado positivo entre janeiro e março deste ano, com destaque para máquinas e equipamentos. As liberações automáticas do banco, por meio da Finame, atingiram R$ 16,3 bilhões, com alta de 70%.
Desse total, R$ 4,8 bilhões foram destinados a “equipamentos não-transporte”, ou seja, a máquinas industriais diretamente vinculadas a investimentos em ampliação de capacidade produtiva e modernização.
Os desembolsos do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) somaram no primeiro trimestre R$ 20,2 bilhões, “contribuindo para o aumento da competitividade da indústria”.
Os enquadramentos e as consultas fecharam o trimestre com queda de, respectivamente, 12% e 11%. “Os números, entretanto, não indicam diminuição da disposição do empresariado em investir, porque foram fortemente influenciados por uma única operação: um limite de crédito à Petrobras, de R$ 9,4 bilhões, que passou pelos estágios de consulta e enquadramento no BNDES no primeiro trimestre de 2012”, disse o banco na nota.
A análise do desempenho setorial do BNDES revela que de janeiro a março deste ano as liberações para infraestrutura atingiram R$ 9,3 bilhões. O número representa queda de 7% em relação a 2012, mas a tendência para o setor é de expansão, já que as aprovações, de R$ 15 bilhões, cresceram 73%, segundo Coutinho.
Por outro lado, Visibelli chama a atenção para a falta de desembolsos ligados ao transporte ferroviário e portuário, que ainda carecem de investimentos. “O foco parece estar no setor rodoviário”, comenta o professor.
Ele também alerta para o fato de que, apesar da administração pública direta representar 3% das liberações totais, estas apresentaram um crescimento de 5,565% do primeiro trimestre de 2012 para o mesmo período deste ano (R$ 1,262 bilhão). “Isso preocupa ao observar a má gestão na execução desses recursos pela administração pública”, entende.
Previsão
Ainda segundo Coutinho, o banco deverá desembolsar mais recursos para empréstimos neste ano do que em 2012, quando a instituição de fomento injetou R$ 156 bilhões. Desde o início do ano, o presidente do BNDES tem sido reticente a fazer uma projeção para o total de desembolsos de 2013. “Temos estimativas que estamos depurando. A expectativa é que em 2013 o banco desembolse mais do que em 2012, mas estamos depurando números e fazendo ajustes finos em relação às linhas do banco”, afirmou.
DCI – SP