Profissionais qualificados, a grande demanda
Os sistemas de dados estão em toda parte. Na infinita rede de computadores, nos aplicativos do celular, nos terminais eletrônicos do banco, nos caixas do supermercado e padaria. A tecnologia dominou todos os ramos de mercado e é elemento essencial para o andamento da vida moderna.
Apesar do cenário de crise econômica, o setor de Tecnologia da Informação figura como exceção e não para de crescer. O mercado está entre os mais ascendentes no Brasil e no mundo e, em Londrina e região, não poderia ser diferente. Atualmente, existem cerca de 1.200 empresas em funcionamento do Norte Pioneiro até Apucarana. Segundo o Arranjo Produtivo Local (APL), 17 universidades e nove centros formadores oferecem dezenas de cursos na área.
O coordenador de curso de Ciência da Computação e Sistemas de Informação da UniFil, em Londrina, Sérgio Tanaka, destaca que o potencial de desenvolvimento do setor é imensurável. “Londrina é a cidade que mais possui certificações com peso mundial no Sul do País. No Paraná, temos 9 mil empresas de TI, sendo que mais de mil estão instaladas nessa região.”
Diante do cenário promissor, entretanto, engana-se quem pensa que sobram profissionais no mercado. Ao invés disso, existe um grande deficit de mão de obra constatado diariamente pelos empresários do setor. “O problema está nas especialidades. Há profissionais e candidatos para as vagas, mas faltam pessoas qualificadas”, afirma o diretor técnico da Exactus Software, Archibaldo Tomas Clark Vicentini. “São raras as pessoas que possuem certificações. Ocorre que, muitas vezes, o aluno sai formado e não consegue se colocar no mercado porque não demonstra as habilidades necessárias. Alguns deles desistem e vão trabalhar em bancos e outras áreas”, analisa.
Para não perder candidatos com bom potencial, a prática comum adotada pelas empresas é empregá-los da forma como saem da universidade e capacitá-los posteriormente com cursos. “Fazemos treinamento, possibilitando que o profissional tenha contato com aquilo que deve desempenhar”, informa Vicentini. Ter uma pós-graduação no currículo também é um diferencial, completa.
Quem pretende se formar na área terá planos de carreira bem definidos, caso opte por multinacionais e empresas de grande porte, de acordo com Vicentini. “As mais consolidadas com certeza oferecem oportunidades de crescimento, como, por exemplo, os bancos e as atacadistas”, cita. Outro atrativo são os ganhos salariais, que vão depender da experiência, dedicação e especialização do trabalhador. “Não existe piso nessa profissão, mas os próprios patrões adotam um padrão. Um recém-formado receberá R$ 1.200. Um profissional de DBA, por exemplo, é muito procurado e pode ganhar de R$ 5 a R$ 15 mil. Um programador será remunerado em R$ 10 mil. Não existe um teto, ou seja, o salário pode atingir valores que não dá para imaginar”, argumenta.
Outro problema é a falta de interesse pelos cursos voltados para a área de Exatas. Segundo Tanaka, pesquisas nacionais mostram que a concorrência é baixa em cursos que exigem conhecimentos em matemática. “Há deficiência no ensino básico brasileiro. Por não gostar de trabalhar com números, os estudantes optam por outras áreas”, justifica. “Um estudo feito nos Estados Unidos mostra que o setor de TI tem os salários mais promissores, mas no Brasil são os menos procurados”, completa. Na UniFil, por exemplo, 100 alunos entram todo ano, mas 20% deles não concluem a graduação. “A média nacional de desistência, porém, é de 87%”, diz.
Folha Web