“Prévia do PIB” de junho é bom sinal para economia, mas desempenho do ano vai depender do setor de serviços, dizem especialistas
IBC-BR, do Banco Central, apontou crescimento de 0,63% da economia em junho; resultado segue compatível com a leitura de que a atividade econômica se manteve resiliente no segundo trimestre
O crescimento da economia brasileira em junho — medido pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), do Banco Central — mostra que o desempenho da atividade econômica está no caminho certo e se manteve resiliente no segundo trimestre do ano.
O desempenho daqui em diante, porém, vai depender do comportamento do setor de serviços, segundo especialistas.
O IBC-BR, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do país, cresceu 0,63% em junho, depois de uma retração de 2% em maio.
Para Samuel Barros, doutor em administração e reitor do Ibmec no Rio de Janeiro, maio foi um período de frustrações em relação à atuação do governo, que completava 100 dias, e do Banco Central. Houve, também, uma redução na colheita da soja, que tem um peso relevante na economia.
“Existia uma expectativa para medidas que reduzissem taxas de juros, impostos, e que baixassem preços de alguns itens de consumo. Com essa frustação, houve uma retração”, avalia.
Por isso, o resultado de junho é “um bom sinal”. “A economia está respondendo e para os próximos meses podemos esperar resultados positivos”, reforça.
Para os próximos resultados, contudo, o desempenho do setor de serviços será a chave, avaliam Marco Caruso e Igor Cadilhac, analistas do PicPay.
No último mês, a principal contribuição positiva veio do segmento de serviços prestados. Segundo os analistas, ele vem sendo beneficiado dos números fortes do mercado de trabalho, e do impacto do programa de incentivo aos carros populares.
Na outra ponta, os dados de agropecuária foram o único com resultados negativos. A principal questão, para Caruso e Cadilhac, é até onde o crescimento do setor de serviços pode sustentar a expansão da economia no segundo semestre. Para o agronegócio, a desaceleração é esperada, por conta de fatores sazonais.
“A sua desaceleração parece certa, mas a grande incerteza reside no seu momento e na sua intensidade”, explicam.
João Savignon, head de pesquisa macroeconomica da Kínitro, concorda que o dado de junho reflete uma devolução parcial da queda do mês anterior.
Para o especialista, o resultado “segue compatível com a leitura de uma atividade econômica que se manteve resiliente no segundo trimestre e que deverá continuar desacelerando gradualmente no restante do ano”.
Projeções
O mercado revisou para cima a projeção para o crescimento do PIB neste ano, de 2,26% para 2,29% em 2023. Os dados são do Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (14).
Para os dois anos seguintes as projeções foram mantidas em 1,3%, 1,90% e 2%, respectivamente.
No primeiro trimestre deste ano, o PIB brasileiro cresceu 1,9% na comparação com o trimestre anterior e somou R$ 2,6 trilhões. Na comparação com o mesmo período de 2022 a alta foi de 4%.
Apenas com os dados anteriores da economia, o mercado já considera que o país vai crescer, no mínimo, 2% no ano devido ao impulso dos três primeiros meses.
Isso acontece por conta do efeito estatístico que um crescimento forte nos primeiros meses deixa de “herança” para o restante do ano.
Fonte: CNN Brasil