Posso beber na festa de fim do ano da empresa? É hora de aproveitar e pedir aumento? Como me vestir?
Dezembro chegou, e as pessoas começam a se despedir do ano. No ambiente corporativo, não é diferente. E, muitas vezes, isso leva a uma convocação do RH para uma confraternização, até mesmo fora do escritório, com música, comida e bebida liberada. Pode parecer uma festa entre amigos, mas não é, vale lembrar.
— Já vi diretor de empresa ser mandado embora após uma confraternização de fim de ano, pela postura adotada. Então, cuidado. Garrafas e garrafas de bebidas caras em cima da mesa? Não é o propósito. Ainda há limites neste ambiente — explica a neurocientista e especialista em gestão de carreira Andrea Deis.
Para ajudar os trabalhadores a se portarem nesses eventos, o EXTRA fez perguntas a especialistas e traz as respostas abaixo. Colaboraram, além de Andrea Deis, a gerente de RH da Luandre Debora Herdeiro e o coach de líderes Silvio Celestino.
É preciso comparecer?
Segundo Andrea Deis, essa é a principal pergunta das pessoas que não gostam de eventos sociais. A resposta é que, na carreira, quem não está na vitrine não é percebido. Então, sim, o trabalhador deve ir e socializar. A confraternização de fim de ano do trabalho é troca de talento, não de vida pessoal.
Como se vestir?
Debora Herdeiro lembra que as festas corporativas já indicam o tipo de vestimenta adequada, seja de forma direta ou de acordo com o tema e o quão informal é a confraternização. Mesmo assim, caso não tenha certeza da vestimenta ideal, vale procurar a área de RH para não errar na escolha. Andrea Deis acrescenta que, geralmente, é possível ir mais despojado do que na rotina profissional, mas evitando camisas muito abertas ou saias muito curtas e bermudas, tomando cuidado com a assepsia.
Dançar pode?
Se este for o objetivo da festa — um encontro informal entre os colaboradores, com música —, não há problema algum, opina Debora Herdeiro.
Pode beber ou não?
Se o evento incluir bebidas alcoólicas, a regra de ouro é sempre beber com moderação. Afinal, o evento, apesar de informal, ainda é corporativo. Se souber que sua tolerância ao álcool é pequena, não beba para não cometer vexames ou perder os filtros de comportamento, indica Silvio Celestino.
É permitido flertar?
Não é adequado flertar em eventos organizacionais.
Levar acompanhante ou evitar?
Silvio Celestino opina que algumas festas são feitas para isso. E levar um acompanhante demonstra que a pessoa tem uma vida social além do trabalho, o que é visto de forma positiva. Mas, em geral, é importante considerar que a confraternização de fim de ano também é uma boa oportunidade de fazer networking (rede de relacionamentos) interno, e um acompanhante pode diminuir sua interação com os colegas da empresa.
Como interagir com chefes?
Muita gente se orgulho em tratar bem pessoas que ocupam cargos hierárquicos mais baixos, mas travam na hora de falar com chefias. Silvio Celestino lembra que, para ser promovido, é preciso ter uma boa relação com pessoas dois níveis acima da sua posição. Por isso, busque conversar cordialmente com elas e sobre assunto não relacionados ao trabalho, como hobbies, vinho, futebol, cultura… Se perceber que um chefe está sozinho, puxe conversa.
Pode falar de trabalho?
Estes eventos geralmente têm o objetivo de serem encontros mais leves e informais, justamente para sair do ambiente do dia a dia. Desta forma, este não é o melhor lugar para tratar de trabalho, mas sim se divertir e confraternizar. A abordagem permitida, para Silvio Celestino, no que tange ao trabalho, é para demonstrar satisfação em trabalhar na empresa.
Debora Herdeiro lembra, no entanto, que caso um superior faça algum tipo de questionamento sobre trabalho, devido a urgência, é importante manter a postura profissional.
Pode aproveitar o momento descontraído para pedir aumento?
Para Debora Herdeiro, não. A proposta é confraternizar, estreitar relações, socializar com áreas parceiras. Não é o momento para discussão do tema, que deve ser tratado em ambiente corporativo.
No amigo-oculto, deve-se respeitar a faixa definida ou comprar algo mais caro?
O ideal é sempre seguir o valor estipulado e a lista de dicas de presente, para evitar que seja dada qualquer conotação equivocada ao presente: como descaso, excesso de afinidade ou vontade de criar um favoritismo. Isso pode comprometer como o trabalhador é percebido pelos colegas, avisa Andrea Deis.
E se tirar o chefe?
Seguir o padrão ainda é o recomendado. Ao participar do amigo-oculto, o chefe se permitiu a horizontalidade. Andrea Deis apenas ressalta que é preciso ter cuidado com o vocabulário na entrega de presentes e evitar piadinhas que possam conotar qualquer abuso. Debora Herdeiro pontua ainda que presentes muito íntimos, como perfumes ou dinheiro, também devem ser evitados.