Planalto reconhece dificuldade de aprovar reforma da Previdência e estende cronograma para negociar
O Palácio do Planalto tem em mãos a avaliação de que a reforma da Previdência, neste momento, teria sérias dificuldades de ser aprovada na Câmara dos Deputados e por isso decidiu estender o prazo de negociação do relatório na comissão especial que trata do tema.
Levantamento feito pelo jornal ‘Estado de S.Paulo’ mostra, neste momento, apenas 96 deputados a favor da reforma entre os 433 ouvidos pelo jornal. O governo precisa de 308 votos a favor para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
A intenção inicial era que o relator da proposta na Câmara, Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), apresentasse seu relatório esta semana. A previsão agora é que fique para daqui a duas semanas, depois do feriado de Páscoa, para que haja tempo do governo negociar com todas as bancadas.
Apesar de afirmar sempre que tem uma base de mais de 400 deputados, o Palácio do Planalto sabe que, ao tratar da reforma e outros temas mais polêmicos – como foi a votação do projeto de terceirização – as defecções crescem. Deputados deixaram claro que o governo entrou atrasado na guerra da comunicação e o discurso de que serão retirados direitos da população chegou às suas bases.
A iniciativa anunciada há duas semanas pelo presidente Michel Temer, de retirar servidores estaduais e municipais da reforma, foi uma tentativa de aplacar a base e funcionou por algum tempo, até o governo voltar atrás por pressão da equipe econômica e estabelecer um prazo para que os governos estaduais façam suas alterações ou a adesão à reforma federal.
O governo ainda trabalha com pontos que considera intocáveis, como a idade mínima e a necessidade de transição e o tempo de contribuição, mas fala em suavizar alguns pontos e mexer em temas como a contribuição dos aposentados rurais e a desvinculação dos reajustes dos Benefícios de Prestação Continuada ao salário mínimo, além de admitir estender a transição.
O Planalto negocia já há duas semanas com as bancadas na tentativa de chegar a um texto de consenso. Além disso, Temer vem tentando neutralizar no Senado os ataques à reforma feitos pelo líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Nos últimos dias, Temer tem feito reuniões com senadores – nesta quarta-feira almoçou com um grupo e jantará com outros – para evitar que o discurso de Renan se propague na bancada.