Planalto estuda 4ª faixa do IR
Um dia após o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, admitir que o aumento do Imposto de Renda é uma das alternativas em estudo pelo governo para equilibrar as contas públicas, assessores do governo disseram ao jornal “Folha de S.Paulo” que há pelo menos duas ideias em discussão. Uma delas seria criar uma quarta faixa de cobrança para pessoas de renda mais alta, com alíquota entre 30% e 35%.
Outra seria aumentar a tributação de pessoas que recebem rendimentos de suas próprias empresas, que pagam de 4% a 5% de IR em vez da alíquota de 27,5% cobrada dos assalariados da faixa de renda mais alta existente hoje.
Preocupados com a reação negativa às declarações de Levy, assessores presidenciais destacaram nesta quarta que ainda não há uma posição fechada e lembraram que propostas de aumento de IR sempre enfrentaram fortes
A discussão sobre aumento de impostos expôs novamente os desacertos internos do governo e escancarou a dificuldade que o Planalto terá para fechar um pacote de medidas baseado principalmente em aumento de receita para reequilibrar suas contas. Em palestra nesta quarta em São Paulo, Levy voltou a defender o aumento de tributos.
Nas últimas semanas, o governo já foi obrigado a recuar da proposta de recriação da CPMF diante da reação contrária de empresários e aliados. Assessores presidenciais admitiram que, mais uma vez, o governo não acertou o discurso ao lançar propostas e ficou acuado diante de reações contrárias.
Repercussão
Contrário a aumentar impostos para solucionar o déficit de R$ 30,5 bilhões no Orçamento 2016, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quarta que o governo está se “autodestruindo”. “Eu acho que é uma estratégia de desgaste do governo. Eu acho que eles estão se autodestruindo, porque você está fazendo o Maquiavel ao contrário. Faz o mal aos poucos, o que é pior, sem concretizá-lo. Você ameaça o mal. É de uma falta de inteligência inominável”, avaliou.
Assim como Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), defende que o governo primeiro corte gastos antes de propor aumento de impostos. Segundo Renan, esta é a posição defendida pelo PMDB e que foi ratificada por governadores e ministros do partido que participaram de um jantar nesta terça com o vice-presidente da República Michel Temer.
“O partido entende que o dever de casa que deve ser feito é cortar despesas, extinguir ministérios, cortar gastos em comissão e só depois pensar em ampliar o espaço fiscal”, disse Renan Calheiros nesta quarta.
O Tempo