Petrobras surpreende com lucro de R$4,45 bi no 1º tri e já fala em dividendos
A Petrobras teve lucro líquido de R$ 4,45 bilhões no primeiro trimestre, o melhor resultado em dois anos, impulsionado por um desempenho operacional histórico, apesar de uma menor demanda por derivados no mercado interno, informou a estatal nesta quinta-feira, 11.
O forte resultado líquido, registrado em meio a reduções acentuadas de gastos e despesas e maiores exportações, veio acima das previsões de analistas que apontavam lucro de R$ 3,773 bilhões no período. A empresa reverteu assim prejuízo de R$ 1,246 bilhão registrado no primeiro trimestre do ano passado.
O resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) ajustado subiu para o recorde histórico de R$ 25,254 bilhões, ante R$ 21,193 bilhões em igual período do ano passado, ressaltou o presidente da Petrobras, Pedro Parente.
O lucro do primeiro trimestre e um ganho contábil de R$ 6,7 bilhões previsto para o segundo trimestre, com a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), levaram Parente a falar sobre a retomada de pagamentos de dividendos para o exercício de 2017, o que não ocorre desde 2014, antes de a empresa lançar prejuízos bilionários por conta de atos de corrupção que envolveram a petroleira.
“Tem um resultado positivo relevante para o segundo trimestre… que aumenta as chances (de pagar dividendos), aumenta sem dúvida nenhuma, mas não posso prometer isso. Nosso desejo é pagar dividendos o mais cedo possível, e a empresa trabalha forte para isso”, declarou Parente, que está perto de completar um ano à frente da companhia.
O desempenho do trimestre foi alcançado também por meio de menores gastos com importação de petróleo e derivados, em função da maior participação do óleo nacional na carga processada e da maior oferta de gás natural nacional, num mercado interno que registrou retração. Isso em momento em que a extração do pré-sal está crescente.
“A produção está crescendo e estamos usando mais óleo nacional… e um volume expressivo foi exportado a um preço maior”, disse o diretor financeiro da Petrobras, Ivan Monteiro, citando ainda redução no custo de logística para processar nas refinarias.
A Petrobras registrou produção total de petróleo e gás natural de 2,805 milhões de barris de óleo equivalente por dia, em média, no período. Foram produzidos 2,248 milhões de barris por dia (bpd) de petróleo, sendo 2,182 milhão bpd no Brasil, 10% acima de igual período do ano passado, o que permitir à empresa elevar exportações do óleo de boa qualidade do pré-sal.
A Petrobras citou menores despesas com vendas, gerais e administrativas, que somaram R$ 4,697 bilhões no primeiro trimestre, uma queda de 26,6% ante o mesmo período do ano passado. A estatal também registrou redução das despesas financeiras líquidas e menores gastos com baixas de poços secos/subcomerciais.
O CEO ressaltou ainda uma redução de 18% nos gastos operacionais gerenciáveis.
“O controle de custos e a redução de gastos estão sem dúvida por trás desse resultado da companhia no primeiro trimestre”, disse Parente. Como parte da redução de custos, Parente apontou que o número de empregados do sistema Petrobras caiu 17% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2016, para um total de 65.220 funcionários.
Menores vendas
A receita com vendas, entretanto, caiu 3% na comparação com igual período do ano anterior, para R$ 68,365 bilhões, em meio a menor demanda no mercado interno.
O volume de vendas de diesel, o combustível mais vendido pela empresa, caiu 12%, para 702 mil barris/dia, enquanto a comercialização de gasolina recuou 4%, para 539 mil barris/dia, com o impacto da crise econômica e da maior concorrência no mercado doméstico.
De outro lado, as exportações de petróleo, derivados e de outros produtos aumentaram 72% ante igual período do ano passado, para 782 mil barris/dia.
Redução da dívida
Com bons resultados operacionais em ambiente adverso, a empresa reduziu a alavancagem, com o índice dívida líquida sobre Ebitda ajustado recuando a 3,24 vezes no primeiro trimestre, ante 4,81 vezes no mesmo período de 2016, aproximando-se cada vez mais da meta de 2,5 no fim de 2018.
“É possível sim que cheguemos a esse (indicador dívida líquida sobre Ebitda) 2,5 antes do fim de 2018, mas isso de maneira nenhuma significa que a gente possa relaxar, porque nossa conta de juros ainda consome um valor elevado”, afirmou Parente, lembrando que a companhia ainda tem um endividamento que é o dobro de suas pares.
O endividamento bruto da petroleira caiu 5% ante 31 de dezembro de 2016 para R$ 364,758 bilhões, e do endividamento líquido em 4%, para R$ 300,975 bilhões. Em dólares, a dívida líquida caiu U$ 1,388 bilhão ante dezembro de 2016, para U$ 94,993 bilhões, com aumento do prazo médio para 7,61 anos, ante 7,46 anos.
O presidente da Petrobras lembrou ainda que os recursos advindos da venda da NTS, que entrarão no resultado do segundo trimestre, ajudarão a companhia a reduzir mais a dívida.
“Então a gente observa uma trajetória que sem dúvida está abaixo daquela que a gente previu no plano… a meta de 2,5 não significa a meta ideal para endividamento, porque nós estamos pagando ainda uma conta de juros que é 5 ou 6 bilhões maior do que a gente pagava anteriormente…”, disse.
De qualquer forma, o diretor financeiro ressaltou que, desde que entrou na empresa, no início de 2015, esta é a primeira vez que a Petrobras tem todas as alternativas de funding à sua disposição, diante da melhora dos resultados, o que permitirá um alongamento dos vencimentos.
“A companhia tem hoje a sua disposição muitas alternativas de funding, e a gente vai explorar ao longo do ano… a posição de caixa hoje de U$ 23 bilhões que permite a gente ao longo de um ano pagar o serviço da dívida e as amortizações de caixa”, disse Monteiro.
Dessa forma, o diretor disse que a companhia vai “explorar sim alternativas para mudar o perfil” da dívida, uma vez que a empresa tem concentração de vencimentos importantes pela frente. “Temos alternativas de funding e vamos no momento adequado submeter as alternativas à diretoria.”
A Petrobras registrou fluxo de caixa livre positivo pelo oitavo trimestre consecutivo, de R$ 13,368 bilhões, 5,6 vezes superior ao registrado no primeiro trimestre de 2016.