Pessimista, FMI vai pedir mais dinheiro aos governos
Estimativa do Fundo Monetário é de que perdas do setor financeiro ultrapassem US$ 4 trilhões.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está com uma visão mais pessimista em relação as perdas provocadas pela crise financeira global. Segundo relatório divulgado ontem, os prejuízos poderiam alcançar até US$ 4,1 trilhões na economia mundial com títulos comprados nos Estados Unidos. Dois terços das perdas devem ocorrer nos bancos.
Num cenário considerado mais realista, o FMI calcula uma perda de US$ 2,7 trilhões até o final de 2010. A estimativa é pior que os US$ 2,2 trilhões previstos em janeiro passado, “principalmente porque se detorioraram as previsões centrais para o crescimento econômico”, de acordo com o estudo. O Banco Mundial espera que 2009 tenha o pior crescimento mundial desde 1945.
Para evitar que o quadro se deteriore ainda mais, o FMI sugere algumas medidas, como assegurar a liquidez dos bancos, sanear os ativos podres e dar uma solução para instituições financeiras em dificuldades. “O objetivo fundamental será quebrar o círculo vicioso entre o sistema financeiro e a economia mundial”, afirma o comunicado do FMI.
Emergentes – As estimativas de baixas contábeis relacionadas a financiamentos e títulos (securities) no sistema bancário nos mercados emergentes, incluindo subsidiárias de bancos estrangeiros, poderiam alcançar US$ 800 bilhões ou cerca de 7% dos ativos, prevê o fundo. Alguns países possuem formas de absorver baixas contábeis nessa escala, mas diversos bancos nos mercados emergentes, principalmente na Europa, vão precisar levantar capital novo totalizando, possivelmente, US$ 300 bilhões, diz o Relatório de Estabilidade Financeira Global (GFSR, na sigla em inglês), ao citar que este é “um número que exclui a China”.
Na Europa, Oriente Médio e África, o potencial de baixa contábil é de US$ 345 bilhões – desses, US$ 185 bilhões estão ligados ao Leste Europeu. O total na Ásia é estimado em US$ 270 bilhões, na América Latina chega a US$ 181 bilhões (total agregado: US$ 796 bilhões). O FMI observa que os chamados amortecedores, como reservas internacionais, fazem com que essas baixas possam ser reduzidas sensivelmente. Por exemplo, no caso da América Latina, o valor estimado na baixa contábil (US$ 181 bilhões) pode ser amenizado com “potencial amortecedor” de US$ 144 bilhões, o que faz com que a necessidade de capital fique em US$ 37 bilhões. Mas para outras regiões, há necessidade de se levantar dinheiro novo diante da deterioração das condições econômicas. E como muitas das matrizes de bancos internacionais enfrentam perdas crescentes, diversos bancos nos países emergentes devem ter dificuldades em sanar a deficiência de capital.
Fonte: Diário do Comércio