Pequenos empresários contam como tem sido a ajuda do poder público durante a pandemia no Brasil e na Inglaterra
Pequenos empresários brasileiros não têm encontrado a ajuda necessária para passar pela crise causada pela pandemia do coronavírus. Já uma brasileira que tem um negócio em Londres conta com a ajuda do governo do país.
Maria Claudia Murani é dona de uma padaria em Londres, com mais duas sócias. Em novembro de 2020, a empresa dela apareceu no PEGN quando ainda era possível receber clientes.
Agora, com a reabertura gradual do lockdown na Inglaterra, elas só trabalham com entregas e retiradas. A previsão é que só no dia 17 de maio lugares fechados possam abrir para o público.
O governo inglês tem ajudado negócios como o da Maria Claudia: ele suspendeu a cobrança do imposto equivalente ao IPTU brasileiro e paga 80% dos salários dos funcionários. Além disso, pequenas empresas têm direito a empréstimos que podem chegar a 50 mil libras, quase R$ 400 mil.
“Eu tenho muitos amigos que têm negócio no Brasil e vejo muita diferença no apoio, no esclarecimento ao empreendedor, é totalmente diferente”, diz Maria Claudia.
No Brasil, o pequeno empresário tem recebido um tratamento bem mais amargo do poder público.
Obrigado a fechar as portas, as contas em um restaurante continuam. Funcionários, aluguel, IPTU, a própria comida que se estraga.
Issam Sidom, dono de um restaurante em São Paulo, enfrentou e superou cada um desses desafios. Mas essa batalha ele ganhou praticamente sozinho.
Issam usou a medida provisória publicada pelo Governo Federal em 2020, que permite suspensão e pagamento de parte dos salários dos funcionários. Foi a única ajuda que veio.
“Eu engordei 40 quilos na pandemia. De ansiedade, a gente não dorme. Imagina que você tem 80 funcionários, são 80 pessoas que dependem de você e tem gente que depende desses funcionários”, diz.
Issam negociou com os fornecedores. O dono do imóvel deu 50% de desconto do aluguel em três meses. Mas os impostos continuaram a ser pagos. Só de IPTU, ele paga R$ 6 mil por mês.
O empresário tentou dinheiro emprestado com uma linha do Governo Federal, o Pronampe, mas não conseguiu.
Em março, o Governo Federal anunciou o adiamento, para o segundo semestre, do pagamento do Simples Nacional, por três meses. Também permitiu que o prazo de carência do Pronampe seja estendido por mais três meses.
Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas com mais de duas mil empresas, feita em janeiro deste ano, mostra que quem mais sofre os efeitos da pandemia são pequenas empresas do setor de comércio e serviços.
Ele achou sua própria saída para a crise: vender doces libaneses pela internet. São 85 tipos e ele usa as redes sociais e um e-commerce próprio para as vendas. Ele garante que o cliente satisfeito é o maior divulgador do negócio.
Fonte: G1