Pequenas que mais crescem são do Centro-Oeste e Norte
Pesquisa realizada pela Deloitte, em parceria com a revista Exame PME, divulgada ontem, mostrou que o crescimento médio das pequenas e médias empresas localizadas no Norte e Centro-Oeste, e participantes do levantamento (250 no total), é maior do que no Sul e Sudeste, regiões economicamente mais desenvolvidas.
Entre 2010 e 2012, o avanço das empresas estudadas do Norte e Centro-Oeste foi de 34% ao ano, enquanto que no Sudeste e no Sul, a variação foi de 25% e 21%, respectivamente. “Há uma maior dispersão entre as regiões. No primeiro estudo feito há oito anos, as empresas do Sudeste apresentaram os melhores resultados. Outro destaque, hoje [2010 a 2012], é o Nordeste, cuja taxa anual (30%), também foi superior a do Sudeste e Sul. Era muito concentrado. Isso pode ser explicado pela descentralização da economia entre as regiões”, afirmou a responsável pela pesquisa e sócia-líder de Strategy, Brand & Marketing da Deloitte, Heloisa Montes, ao participar do lançamento do estudo ontem para empresários.
O levantamento mostra, porém, que o Sudeste e o Sul ainda concentram a maior parte das empresas que mais cresceram nos últimos três anos. Das 250 pequenas e médias participantes, 57% estão na primeira região – inclusive o vencedor deste ano, o prestador de serviços Grupo RR – e 30% estão na segunda localidade. No Norte e Centro-Oeste, a representatividade cai para 4% . E no Nordeste, o número é de 9%.
Outro ponto negativo é que enquanto a receita líquida dessas empresas participantes do estudo aumentou 32% em 2011, no ano seguinte a variação passou para 21%. “Todas as empresas são afetadas pelo movimento econômico [que está em ritmo lento de expansão] no País. Contudo, como as pequenas e médias organizações se ajustam mais rapidamente [à situação de crise], elas conseguem crescer mais rápido se comparar com aquelas de capital aberto [normalmente grandes companhias]”, explicou Heloisa ao DCI. Pelo estudo, a receita líquida das empresas listadas na BM&FBovespa subiu 16% em 2011, e 13% em 2012.
Entraves
Os empresários presentes no lançamento da pesquisa também fizeram uma série de reclamações. Para o sócio da empresa de Blumenau (SC) Tecnoblu Your ID, Edmur Polli, alguns dos maiores problemas para o empreendedor são o acesso ao crédito e os custos com impostos. “A carga tributária é muito alta”, disse.
Já o presidente da construtora nordestina Andrade Mendonça, Antonio Andrade JR. o problema não é que a carga tributária é alta, é que “o imposto vai e não volta”. “Uma demonstração disso é de que o povo foi para as ruas, porque cansou da corrupção, do que é feito com o nosso dinheiro.”
A pesquisa mostrou que da receita líquida das organizações consultadas, em média, 58,7% é de custos e impostos de produção, sobram 41,3% de lucro ou margem bruta, mas 7,5% são lucro ou margem líquidos.
Com relação ao acesso ao crédito, Heloisa disse que o fato das companhias serem criadas, atualmente, mais por oportunidade do que por necessidade – ou seja, pessoas que se tornam empreendedores por que estudaram o mercado e enxergaram um novo e diferente negócio -, os empréstimos de bancos e por fundos de fomento (como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social- BNDES) são mais concedidos.
“Além de existir mais linhas de crédito, as empresas começaram a se profissionalizar e entender como conseguir esse crédito. Não é a mesma coisa chegar no banco e pegar uma linha vinculada a conta corrente e ponto. Para conseguir financiamentos, principalmente de bancos oficiais de fomento, tal como o BNDES, precisa ter um projeto muito bem estruturado, com um formato muito diferente do que estavam habituadas”, afirmou ao DCI.
De acordo com pesquisa da Deloitte, para 40% dos entrevistados a expectativa é que os bancos e de fundos de fomento sejam usados como gerador de recursos nos próximos dois anos. Entre 2011 e 2012, esse percentual era de 32%. Mas a maioria (58%) continua a afirmar que a fonte principal no período de 2013 a 2014 será por meio de reinvestimento dos lucros. Nos últimos dois anos, 56% apontaram esse fator como o mais importante.
DCI-SP