Para estimular inovação, economistas sugerem que Brasil aprenda a copiar
Em evento que debate a implantação de uma agenda digital para o Brasil, os economistas Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Marcos Lisboa, presidente do Insper, participaram de um painel sobre o fortalecimento do ecossistema de inovação no país.
Apesar de parecer antagônico sugerir cópia quando a ideia é inovar, ambos defenderam que o país se espelhe em modelos bem-sucedidos no uso da tecnologia para a aceleração econômica.
“Vamos copiar o que faz Coreia do Sul, Chile e Cingapura. Vamos aprender a copiar o que dá certo em outros países”, disse Lisboa.
O presidente do Insper pontuou que a inovação não é tão difícil e que os governos gastam errado, já que o país “descolou de outros países da América Latina” nos últimos 10 anos, numa referência ao baixo crescimento do PIB.
Para estimular um ambiente favorável à inovação, Lisboa sugere três pontos: que o Estado não proteja indústrias atrasadas, que o empreendedor aprenda a lidar com o fracasso e que possa fazer uma avaliação rápida dos erros.
“Deu errado? Fecha. Não pede ajuda do governo. O negócio fracassou? Fecha”, diz, acrescentando que de 40% a 60% da menor produtividade é resultado da proteção a empresas ineficientes. “A gente faz muito esforço para ser pobre”, diz.
Já Armínio Fraga afirmou que ecossistemas de inovação dependem de bons fundamentos institucionais e culturais, ambos de difícil implementação na prática. No topo de sua lista para essa transformação está uma reforma do Estado.
“Estamos diante da urgente necessidade de grandes mudanças. O maior problema de produtividade, acredito, está dentro do Estado, e não no resto”, afirmou.
Para ele, essa reforma deve englobar uma cultura de gestão, tanto privada quanto governamental, que seja capaz de avaliar resultados para “melhorar o que está certo e corrigir o que está errado”.
Fraga ainda defendeu a implementação de uma identidade digital, que tem sido um dos principais objetos de discussão no evento. Organizado pelo ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro) e pelo BrazilLab, o GovTech debate como a tecnologia pode aproximar cidadãos do Poder Público e como governos podem desburocratizar processos pela digitalização.
Segundo Letícia Picolotto, do BrazilLab, enquanto Israel investe 4,2% do PIB em pesquisa e desenvolvimento, o Brasil investe apenas 1,3%, sendo que boa parte é proveniente do setor público.
O GovTech termina hoje, com estimativa de público de 400 pessoas e com presença de presidenciáveis, que apresentarão suas propostas para a inovação e para governos digitais. Na noite desta terça (7), estarão presentes os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).
Fonte: Folha