País é o 10º pior para empresas
O Brasil está entre o dez países mais difíceis para fazer negócio no mundo. O país, que em 2014 era o segundo pior para se investir, em 2015 subiu para o décimo lugar no ranking global da fornecedora de serviços para investidores internacionais TMF Group, que pesquisa 95 nações em toda a Europa, Oriente Médio, África, Ásia e Américas. O grau de complexidade é medido por meio da dificuldade para as multinacionais conseguirem cumprir a regulamentação corporativa. E a atual situação política tem complicado ainda mais.
“Enquanto o impasse político estagnou a legislação potencial, que visa simplificar a conformidade corporativa, agências têm feito progressos no sentido de proporcionar uma maior integração com os seus pares internacionais. Mudanças regulatórias estão sendo implementadas, no entanto, isso tem impacto sobre o processo de criação, funcionamento ou encerramento de uma empresa”, avalia a diretora de operações para as Américas e líder de integração Brasil da TMF, Alessandra Almeida.
Segundo a executiva, o Brasil tem sido apontado como um lugar complexo para se fazer negócios devido ao labirinto da sua estrutura de regulamentação e código fiscal oneroso. Segundo estudos da TMF, a burocracia já vem apresentando algum sinal de melhora com iniciativas como a implantação do procedimento eletrônico, que cortou pela metade o tempo necessário para obter um visto de trabalho para estrangeiros, por exemplo.
A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM-2015), feita pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), ouviu 74 especialistas em empreendedorismo. Para eles, a burocracia está entre os principais fatores que limitam os negócios no Brasil. Os analistas também apontaram a complexidade da legislação e escassez de formas alternativas de financiamento, que extrapolem as tradicionais linhas bancárias, como investidores anjo e financiamento público.
Questionados sobre as soluções, 49% deles responderam que é necessário ampliar os esforços na educação e capacitação e 41% destacaram que é preciso aperfeiçoar as políticas governamentais, com simplificação da legislação trabalhista e tributária.
No resto do mundo. De acordo com o ranking da TMF Group, a América Latina é a região mais complexa para as multinacionais fazerem negócios. A Argentina lidera a lista. Em segundo vem a Indonésia, depois a Colômbia. Dos latinos, ainda aparecem entre os dez mais complexos o México, em sexto, e a Bolívia, em sétimo lugar.
Já entre os lugares mais simples para se investir estão a Irlanda, apontada devido ao ambiente político estável, seguida pelas Ilhas Virgens e Letônia e Trinidade e Tobago.
Há otimismo apesar da crise
Apesar dos indicadores econômicos sinalizarem um cenário desfavorável, com alta de desemprego e menos predisposição para investir, os microempresários mineiros estão otimistas. Um levantamento do Sebrae-MG, feito com 1.609 empresários de todo o Estado nos setores de comércio, serviços e indústria, aponta que 44% eles ainda acreditam que o faturamento vai aumentar neste ano e 45% apostam no aumento do lucro. Já em relação a novas contratações, a grande maioria (61%) afirma que pretende manter o mesmo volume de funcionários.
A gerente da unidade de inteligência empresarial do Sebrae-MG, Carolina Xavier, afirma que a contradição das expectativas em relação ao cenário da economia está diretamente relacionada com a necessidade de se mexer e fazer alguma coisa para a situação melhorar.
“O empresário não tem controle sobre a economia, mas tem sobre o próprio negócio. Como eles tiveram um 2015 complicado, estão preparando estratégias para manter as empresas ativas. Estão dispostos a lançar novos produtos, a estimular a clientela com preços e melhoria no atendimento. Estão dispostos a investir para reverter o ciclo”, analisa.
Já em relação à conjuntura econômica, os entrevistados não são tão otimistas. Segundo a pesquisa, 72% deles acreditam que a carga tributária vai subir, 71% apostam em alta da inflação e apenas 38% acreditam que o PIB vai cair.