O último Copom de Meirelles
O Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne hoje e amanhã, deverá, conforme a visão amplamente majoritária do mercado financeiro, manter a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 10,75% ao ano.
Está será a última reunião sob o comando de Henrique Meirelles. Em seu lugar na presidência do Banco Central, assumirá Alexandre Tombini, já escolhido pela presidente eleita Dilma Rousseff.
Na semana passada, as apostas em alta da Selic já em dezembro estavam crescendo por conta dos recentes (e elevados) índices de preços, mas a decisão do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional (CMN) de adotar medidas para restringir o crédito e retirar R$ 61 bilhões de circulação da economia por meio da alta nos depósitos compulsórios derrubou as apostas, sancionando a tese de manutenção da Selic.
– Mudou o padrão do mercado. Havia pressão da curva para mudar a Selic já na próxima semana, mas ficou claro que o BC não tem a mínima intenção de elevá-la em dezembro – avaliou o economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto.
Para ele, as iniciativas anunciadas na última sexta-feira também reduziram as chances de um aperto monetário em janeiro.
Neto destacou que a efetivação de uma rodada de juros no ano que vem vai depender em grande medida do que vai ocorrer na parte fiscal. De fato, o BC já deixou claro que sua visão mais otimista sobre o cenário de inflação no horizonte de ação da política monetária se deve em grande medida à expectativa de um aperto fiscal pelo governo.
Juros devem seguir estáveis em 2011
Para o economista-chefe do banco WestLB, Roberto Padovani, o governo não deve alterar os juros na próxima reunião e nem no ano que vem.
– A tolerância do governo com a inflação aumentou. Isso é negativo porque a inflação no Brasil é o dobro da média mundial – avaliou o economista, destacando que essa estratégia deve fazer com que a inflação feche 2011 em torno de 5%.
Além da questão fiscal, o BC tem se apoiado na situação conturbada da economia internacional. As últimas atas do Copom explicitaram a avaliação de que o mundo tem contribuído para uma redução nos preços domésticos, controlando a inflação. A rigor, desde a reunião do colegiado, em outubro, o quadro externo piorou, com os problemas fiscais de países como Irlanda, Portugal e Espanha.
* Diário Catarinense