Multinacionais já têm margens no exterior iguais às do Brasil
Levantamento do Núcleo de Negócios Internacionais da Fundação Dom Cabral (FDC), divulgado ontem, mostrou que a margem de lucro das multinacionais brasileiras que atuam no exterior é quase o mesmo do que o ganho no País.
Em 2010, essas empresas tinham uma margem de lucro de 15,50% no exterior, e de 11,82% atuando no mercado brasileiro. Em 2011, já houve uma diminuição dessa diferença – 13,82% de margem ao operar em outros países, e 13,01% no Brasil -, de modo que em 2012, os ganhos ficassem mais equilibrados: 13,85% no exterior, e 13,75%, no mercado interno.
Com este cenário, o estudo revelou que a maioria (67,39%) das empresas consultadas (63 no total, entre multinacionais e franquias) pretende expandir os negócios, neste ano, nos mercados que já atuam. Ou pelo menos, 33% responderam que projetam estabilidade em suas operações. Nenhuma companhia disse que planeja recuar em sua atuação no exterior.
Por outro lado, 57,45% informaram que não têm planos de entrar em um novo país. “Mas o número de empresas que responderam que planejam entrar em um novo mercado [42,55%] é significativo”, considerou a pesquisadora da FDC, Vanessa Nogueira. Dessas empresas que planejam entrar em novos mercados, os destinos mais citados foram países da América Latina, Sudeste Asiático e China, Rússia e Canadá, segundo ela.
Em 2012, Vanessa comentou que o foco em aumentar a atuação na África ficou mais visível. Os países com entrada de empresas brasileiras foram todos africanos: Cabo Verde, Gana, Marrocos e Tunísia.
A pesquisa mostrou ainda quais são os impactos da política externa brasileira no processo de internacionalização das multinacionais originadas aqui. As empresas consultadas disseram que a criação de linhas de crédito para financiar investimentos no exterior é o que mais as beneficiaria. Mas, de acordo com o professor coordenador do Núcleo de Negócios Internacionais da FDC, Sherban Leonardo Cretoiu, o fato da fonte de financiamento ser praticamente só o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), na prática, é um aspecto que pouco apoiou a internacionalização.
“No entanto, de modo geral, a avaliação é de que a internacionalização por empresas grandes, médias ou pequenas é crescente”, disse Cretoiu. “No caso das pequenas, o desafio e o risco são maiores. Um meio de se internacionalizar é procurar sócios nesses locais ou por meio de franquias”, acrescentou.
No ranking de internacionalização das empresas brasileiras da FDC, entre as multinacionais, a JBS ficou no primeiro lugar, com um índice de 58,9%. Entre as franquias brasileiras, lidera a Showcolate (8,7%).
DCI-SP