Mudança tributária e protestos não afugentam investidor
A turbulência atropelou o mês de junho, mas não espantou os investidores externos do Brasil. Neste mês, o governo eliminou o IOF de 6% das aplicações de renda fixa contratadas por estrangeiros e de 1% sobre derivativos cambiais e o dólar disparou com os juros em meio à instabilidade e tensão provocadas pelas manifestações populares que dominaram as ruas das grandes cidades brasileiras, levando o Tesouro Nacional à intervenções nos mercados de títulos públicos e cambial para estabilizar os preços dos ativos. Apesar dessa combinação indigesta, mas com resultado favorável, dados preliminares do movimento de câmbio em junho, até o dia 21, divulgados nesta manhã pelo Banco Central (BC), confirmam saldo negativo da conta financeira de apenas US$ 5 milhões – o menor resultado desde janeiro, quando a diferença entre ingressos e saídas financeiras de divisas do Brasil somou US$ 2,37 bilhões.
Em quatro meses – de fevereiro a maio – a média mensal do saldo da conta financeira foi negativa em US$ 2,23 bilhões. O comportamento do investidor estrangeiro contrariou a expectativa dos analistas, que esperavam uma fuga de capitais da bolsa brasileira e de outros mercados emergentes na semana passada, em direção aos títulos do tesouro americano, em razão da sinalização dada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), de que começará a reduzir as compras desses títulos ainda neste ano devido à boa recuperação da economia do país. E isso não aconteceu, indicou Arnaldo Puccinelli, operador da Planner Corretora, aos jornalistas Teo Takar e Aline Cury Zampieri, do Valor.
“A Bovespa em dólar ficou ainda mais barata naquele momento. Esse fato com certeza serviu de incentivo para o estrangeiro partir para as compras por aqui”, explica Puccinelli, para quem surgiram oportunidades em alguns ativos. Dados divulgados ontem pela BM&FBovespa mostram que entre quarta (19) – dia da decisão do Fed – e sexta-feira (21), o investidor estrangeiro comprou R$ 984 milhões em ações brasileiras.
Outro sinal evidente de que os ativos financeiros estão estabilizando e os investidores voltando é a evolução do IMA-B – referência de preço da NTN-B, a Nota do Tesouro Nacional com hedge contra a inflação. O IMA-B ontem avançou 0,66%, relata a editora-assistente do Valor PRO, Lucinda Pinto, diminuindo para 2,29% a perda acumulada no mês. Há uma semana, a perda girava em torno de 6%.
Valor Econômico