Micro e pequenas empresas param de investir, diz Simpi
As micro e pequenas indústrias do Estado de São Paulo pisaram no freio e pararam de investir. De acordo com resultados apresentados em setembro pelo Indicador de Atividade das Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo, houve uma queda geral nos aportes realizados nesta área pelos empresários paulistas.
O Indicador de Investimentos despencou de 26,7 pontos em agosto para 20,8 pontos em setembro. Sendo que de 0 a 100, os resultados acima de 50 pontos registram um cenário positivo, enquanto os índices abaixo de 50 pontos são considerados negativos. A avaliação está presente no levantamento promovido pelo Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) e pelo Datafolha.
“O Indicador de Investimentos aponta a disposição dos empresários paulistas em realizar aportes para a compra ou a modernização de máquinas e equipamentos, além de mudanças nos seus espaços físicos. No mês de setembro, esses investimentos caíram fortemente, o que preocupa”, explica o presidente do Simpi, Joseph Couri.
Segundo o executivo, o pior resultado registrado nesta categoria em 2013, ocorreu no mês de julho, quando o índice atingiu a marca de 19,9 pontos.
Outro resultado que preocupa a entidade está relacionado com os custos, assim como as projeções apresentadas para o mês posterior. Em setembro, o indicador registrou 51,3 pontos ante 49,3 em agosto, registrando um cenário melhor, com diminuição nos custos.
“O Indicador de Custos de setembro ficou estável, mas reforçou a preocupação dos fabricantes com uma possível volta da inflação”, afirma.
A pesquisa também apontou uma queda no Indicador de Emprego, que passou de 59,7 pontos em agosto para 57,2 pontos em setembro. “O Indicador de Emprego andou de lado, mas observamos uma tendência de estabilidade com base nos resultados dos meses anteriores. Estamos esperando a pesquisa de outubro para saber se isso é acomodação de mercado ou reflexo de problemas na economia interna”, diz.
A famosa concorrência com os produtos importados também voltou a preocupar 27% dos empresários paulistas que disputam espaço no mercado nacional com os itens estrangeiros.
De acordo com o levantamento, 87% desses profissionais consideram a concorrência desfavorável, enquanto 6% apontam igualdade na disputa e 5% a consideram favoráveis a seus produtos. O resultado motivou o envio de um ofício a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e demais membros do seu governo, que decidiram pela abertura de um protocolo para análise do caso.
“Dissemos que não pode haver incentivo fiscal para empresas instaladas aqui que importam a maioria dos seus produtos. A produção nacional deve ser valorizada”, explica o presidente do Simpi.
Participação
As micro e pequenas indústrias também buscam uma maior participação dentro do mercado brasileiro, especialmente na exportação e na participação em processos de licitação organizados tantos pelos governos estaduais, como federais.
Para a diretora executiva da Tramitty Business to Government, Alessandra Andreazzi Peres, os investimentos realizados pela federação nos próximos anos apresentam uma ótima oportunidade de impulsão das micro e pequenas em diversos processos de licitações.
“Ainda neste ano, o governo federal disponibilizará mais R$ 700 bilhões em contratos, e em 2014, esse número deve chegar a R$ 750 bilhões. Por isso, é extremamente importante para as micro e pequenas empresas marcarem presença nessas disputas”, ressaltou a executiva durante evento realizado, ontem, em São Paulo, pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Segundo a executiva, as micro e pequenas empresas nacionais já contam, desde 2007, com benefícios assegurados pela lei para a disputa de concorrências com grandes companhias.
Em dezembro de 2006, a Lei Geral das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Lei Complementar Federal 123/2006) foi instituída, atribuindo vantagens, em caso de empate, para as empresas menores.
“Os artigos 44 e 47 explicam bem esses benefícios, apontando que as micro e pequenas empresas terão preferência no critério de desempate. Assim, se as propostas oferecidas pelas pequenas for igual ou até 5% superior à proposta vencedora (em pregões), as micro ganham a chance de realizar uma contraproposta, com preço inferior àquela considerada vencedora. Na disputa por tomada de preço ou convite, o percentual sobre para 10%”, afirmou.
Para a executiva, o único obstáculo para uma maior participação nessas licitações estaria na desconfiança do governo em adquirir os itens comercializados pelas micro e pequenas. “O governo diz que tem medo de comprar de micro e pequena empresa, pois receia não receber o item com tanta qualidade”, explicou Andreazzi Peres. Hoje, a maioria das micro e pequenas empresas participa de concorrências na categoria de carta-convite.
Bruna Kfouri – DCI-SP