Mercado carece de mão de obra básica
Mudanças na economia do País mudaram o perfil da demanda por mão de obra nos últimos anos. Atualmente, a maior dificuldade das empresas é encontrar profissionais qualificados para ocuparem cargos mais básicos, sejam operacionais ou técnicos.
Apesar disso, especialistas afirmam que as companhias ainda têm carência de mão de obra especializada para cargos de gestão, mas que, devido à baixa atividade econômica, estão interrompendo as contratações.
O economista da Fundação Seade, Gustavo Loloian, afirma que o ciclo de crescimento econômico do Brasil e o desenvolvimento tecnológico nos últimos anos sofisticaram as formas de organização do trabalho. O que aumentou, consequentemente, o nível de exigência das ocupações básicas.
A oferta de formação técnica no País não acompanhou esse movimento. “A carência de mão de obra qualificada em cargos de nível básico está relacionada à pouca oferta de cursos técnicos oferecidos aos jovens, para que eles possam se capacitar”, diz ele.
Treinamento
Loloian acrescenta que as empresas brasileiras ainda treinam muito pouco a sua mão de obra de básica, ao passo que investem mais em cargos “médios para cima”.
“Há alguns anos, as companhias não ofereciam treinamento ao pessoal de base, porque não achavam necessário, sempre havia mão de obra disponível”, diz Loloian. “Isso vem mudando um pouco. No entanto, as companhias ainda não tratam com respeito os seus funcionários de base, oferecendo-lhes capacitação, por exemplo. Em outros países, as empresas não atribuem apenas ao ensino técnico a formação de seu trabalhador”, finaliza ele.
Na visão de Loloian, são esses motivos que provocam alta rotatividade nas empresas.
Já o diretor comercial do Grupo Selpe, Hegel Passos Botinha, diz que a falta de mão de obra básica está relacionada ao maior nível de escolaridade dos jovens, em comparação há 10 anos. Por conta disso, a nova geração, afirma ele, está pouco predisposta a ocupar cargos operacionais na construção civil, no trabalho doméstico e na agricultura.
Menos exigências
Botinha afirma que para diminuir a rotatividade e driblar a falta de mão de obra básica, as companhias têm reduzido as suas exigências nas contratações de nível técnico.
O diretor da consultoria da Hays, Rodrigo Soares, diz que o Brasil também está com carência de profissionais especializados na área de TI, de agroquímica, aeroespacial, área nuclear, entre outras.
Ele afirma que as empresas dessas áreas estão treinando seus profissionais técnicos para que ganhem mais capacidade de gestão, o que, na análise dele, é o que mais falta nesse mercado.
Soares afirma que, mesmo com a falta desses profissionais especializados, por conta do baixo crescimento econômico, as empresas estabilizaram as contratações.
“Está sobrando no mercado profissionais qualificados, por conta da estabilização da economia”, finaliza Soares.
DCI SP