26/08/2009
Melhora na economia aumenta remessa de lucros para o exterior
A redução dos efeitos da crise econômica sobre a economia brasileira provocou um aumento das remessas de lucros e dividendos para o exterior, segundo dados do Banco Central divulgados hoje
Entre janeiro e abril, essas remessas tiveram uma redução de 64% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre maio e julho, no entanto, houve uma recuperação, e o percentual de queda foi reduzido para 31%.
Entre janeiro e abril, essas remessas tiveram uma redução de 64% na comparação com o mesmo período do ano passado. Entre maio e julho, no entanto, houve uma recuperação, e o percentual de queda foi reduzido para 31%.
Segundo o BC, essa melhora na economia brasileira e, consequentemente, na lucratividade das empresas, aumentou o envio de dinheiro para o exterior.
Outro motivo para esse crescimento é que as matrizes de algumas empresas enfrentam mais problema lá fora do que no Brasil. Isso se dá, principalmente, no setor bancário e na indústria automotiva. De acordo com o BC, esse dois setores responderam por quase um terço das remessas de lucros e dividendos para o exterior em 2009.
No acumulado do ano até julho, as remessas de lucros e dividendos para o exterior caíram mais de 40% por causa da desaceleração da economia.
Para agosto, dados parciais mostram estabilidade nas remessas de lucros, de US$ 1,75 bilhão no mês passado para US$ 1,5 bilhão. Com isso, o BC espera fechar o mês com um déficit nas transações correntes de US$ 1,6 bilhão.
Veículos
A indústria automotiva foi o destaque no mês de julho em relação aos lucros e dividendos enviados para o exterior. O valor da remessa registrada no mês passado (US$ 526 milhões) representa quase 40% do que o setor enviou no acumulado de todo o ano de 2009. Segundo o BC, esse número se deve à operação de uma única montadora –o BC não divulgou o nome.
Essa operação ajudou a aumentar o déficit nas transações do Brasil com o exterior, que somou US$ 1,7 bilhão em julho, o dobro do previsto pelo Banco Central. A previsão do BC não incorporava esse negócio.
No acumulado do ano, o setor bancário continua liderando o valor das remessas, com quase US$ 1,5 bilhões de envios. No mesmo período do ano passado, as remessas do setor somavam US$ 2,4 bilhões.
Em relação à destinação desse dinheiro, 18% das operações realizadas neste ano tiveram como destino os Países Baixos, seguido por EUA (14,5%) e Espanha (14%). Em todo o ano de 2008, os EUA lideraram o recebimento de remessas vindas do Brasil (24,5%), seguido por Espanha (17%) e Países Baixos (15%).
Investimento
Os investimentos estrangeiros no setor produtivo recuaram em julho, tanto na comparação com o mês anterior como em relação ao mesmo período do ano passado.
De acordo com dados do Banco Central, entraram no país US$ 1,287 bilhão, ante US$ 1,45 bilhão no mês anterior, em um decréscimo de 11,2%. Na comparação com julho do ano passado, o resultado é ainda pior: naquele mês, os estrangeiros haviam aplicado US$ 3,24 bilhões no setor produtivo nacional, uma diferença de 60,3% sobre os números deste ano.
A base de julho de 2008 foi afetada pela operação de abertura de capital da Visanet. A maior processadora de cartões do país levantou R$ 8,4 bilhões, com o maior IPO (lançamento inicial de ações, na sigla em inglês) já feito no Brasil.
Transações correntes
O déficit nas transações do Brasil com o exterior somaram US$ 1,665 bilhão em julho, ante US$ 535 milhões em junho. No acumulado do ano foram US$ 8,739 bilhões, melhora em relação aos US$ 19 bilhões registrados no mesmo período de 2008.
Entram nessa conta o resultado da balança comercial, os gastos do país com serviços, as remessas de lucros e as transferências unilaterais. A melhora em relação ao ano passado, segundo o BC, se deve principalmente à queda nas remessas de lucros e dividendos para o exterior por causa da desaceleração da economia, que passou de US$ 23 bilhões em 2008 para US$ 13,2 bilhões até julho deste ano.
Também houve melhora no superávit da balança comercial, de US$ 14,6 bilhões para US$ 16,9 bilhões na mesma comparação.
Turistas
Os gastos de turistas brasileiros no exterior superaram o valor de US$ 1 bilhão em julho. É o sexto mês seguido de crescimento nesse indicador e o melhor resultado desde setembro de 2008, antes da disparada do dólar provocada pela crise internacional de crédito.
Além do câmbio e da melhora na economia, o resultado também é afetado pelo período de férias. Dados parciais para agosto mostram um resultado positivo de US$ 718 milhões para o mês atual.
O BC também divulgou o dado acumulado no semestre. Foram gastos US$ 5,5 bilhões, ainda abaixo dos US$ 6,8 bilhões verificados no mesmo período de 2008.
Fonte: Folha On-line
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