MEI deve focar no planejamento financeiro
Não separar os gastos pessoais com as despesas das empresas está entre os problemas neste tipo de negócio
Empreender tem vários desafios. Assim, para ajudar os microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenos empresários, o DIÁRIO DO COMÉRCIO inicia hoje uma série de matérias focadas nos desafios e soluções para os empreendedores mineiros, servindo de ferramenta para o desenvolvimento destes negócios no Estado.
Um dos pontos mais desafiadores para os pequenos empreendedores, na avaliação da analista do Sebrae Minas, Laurana Viana, é o planejamento, com destaque para o aspecto financeiro. “É ele que vai definir se o negócio vai se manter ou não”, observa. Pesquisa Perfil do MEI 2023 da entidade mostra que a falta de conhecimento administrativo é um dos problemas enfrentados pelos microempreendedores individuais (MEIs) no Estado, com 27% das menções.
Outro problema comum, seja para o MEI ou para qualquer outro tipo de empreendedor, é misturar os gastos pessoais com os compromissos com os fornecedores, o que pode levar a dificuldades para manter o pagamento do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS) em dia. A questão foi apontada como um desafio no levantamento (28%).
Sabrine Duarte Matias Pessoa é um dos MEIS que destaca essa dificuldade, fruto da redução da receita em função dos últimos anos de pandemia. “Num período de praticamente dois anos não havia trabalho, além disso, tínhamos que lidar com outras prioridades”, ressalta.
Para ela, o maior desafio de ser uma microempreendedora individual é a insegurança financeira, em especial, em momentos de doença. Entretanto, apesar das dificuldades, a empreendedora, que gerencia redes sociais desde 2017, não pretende trocar a atuação como MEI por uma vaga com carteira assinada, por causa da flexibilidade de horário, especialmente, depois que ela se tornou mãe em 2019. “Prefiro trabalhar em casa, além disso, planejo ter mais filhos”, conta.
É justamente a flexibilidade, independência e autonomia uma das principais motivações para se tornar MEI, com 19% das menções do levantamento.
Múltiplo
Outro aspecto desafiador de ser MEI, conforme a analista do Sebrae, é ter que trabalhar sozinha e desempenhar diversas funções, como planejamento, administração, atendimento e marketing.
“Ter que dar conta de tudo”, acrescenta a empreendedora Sabrine Pessoa. Ela conta que gostaria de poder contar com a ajuda de um funcionário, o que ainda não é viável.
Conforme informações do Sebrae, na prática, o MEI pode contratar apenas um funcionário. Este deve receber o salário mínimo ou o piso salarial correspondente à categoria profissional. O funcionário deve ter carteira de trabalho assinada, e o MEI é responsável por recolher os impostos devidos para a contratação.
De acordo com a entidade, a contratação de um funcionário pode ser vantajosa para o MEI que precisa de ajuda em suas atividades. Só que é essencial avaliar cuidadosamente essa possibilidade, principalmente no sentido de garantir que a decisão não comprometa a saúde financeira do negócio.
Cláudia Regina dos Santos Almeida é um dos raros casos de MEI com funcionário. “Se a lei não mudar, para que eu possa ter dois funcionários, posso deixar de ser MEI”, diz. E quando a demanda é ainda maior ela utiliza o trabalho de freelancers e conta até mesmo com a ajuda da família.
Conforme informação do Sebrae, o número de MEI com funcionários não chega a 10% no Brasil. Do total de empregos gerados no País, esse contingente representa menos de 10%.
Preferência
Ela conta que começou a empreender por necessidade, pois ficou desempregada, e hoje não voltaria para um emprego formal. “É aquela frase, há males que vêm para o bem”, diz. Embora considere que trabalha mais do que quando tinha carteira assinada, Cláudia Almeida diz que gosta do universo desafiador do empreendedorismo e busca se aprimorar com o apoio de consultorias do Sebrae Minas. “Eu acho que a questão financeira é um desafio para praticamente todos os empreendedores. Eu, por exemplo, cheguei a falhar na precificação”, diz.
Atualmente, a empreendedora fabrica e vende o doce bem-casado, fornecendo para cerimoniais, casas de festa, bufês e também para os consumidores finais.
Fonte: Diário do Comércio