Mais de 100 líderes de empresas globais discutem novo modelo de relatório corporativo
Análise dos relatórios de 50 empresas indica ainda um longo caminho a percorrer
O que as empresas de todo o mundo, incluindo algumas das maiores nacionais como Banco Itaú, CCR, AES Brasil, BNDES, Via Gutemberg, Natura e Petrobrás – devem fazer para fornecer ao mercado informações mais completas e transparentes sobre sua estratégia, governança, critérios e perspectivas de criação de valor no curto, médio e longo prazos. Este é o tema em pauta entre lideranças de mais de 100 empresas reunidas em Frankfurt, na Alemanha, na Conferência organizada pelo International Integrated Reporting Council (IIRC).
Companhias como Natura, Deustche Bank, Coca-Cola, Unilever e Tata Steel, entre outras, juntamente com grandes investidores, fazem parte de um grupo piloto que está testando e ajudando a desenvolver uma estrutura de relatório que permita fornecer mais e melhores informações ao mercado. “O relatório integrado é vital para estabelecer uma comunicação eficiente no contexto de negócios”, afirma Maurício Colombari, sócio da PwC Brasil que faz parte do projeto piloto do IIRC.
Embora já tenham sido obtidos avanços, ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar as metas e atender a crescente expectativa dos vários públicos de interesse como investidores, governos e a sociedade. De acordo com os resultados de uma análise apresentada pela PwC na Conferência*, os resultados revelam que o processo ainda está num estágio embrionário:
• 84% das empresas identificam um ou mais itens de capital não-financeiro, mas apenas 15% delas reportam de forma clara todas as formas de capital.
• Metade das companhias (48%) reporta o grau de dependência a recursos e/ou relacionamentos de acordo com seu modelo de negócio. A maioria delas menciona suas expectativas em relação à disponibilidade ou às limitações de um ou mais aspectos de capital não financeiro relevante.
• 71% das companhias-piloto identificam explicitamente seus KPIs (Key performance indicators). Destas, 47% tem metas vinculadas aos indicadores, mas apenas 17% alinham claramente os KPIs às prioridades estratégicas. Somente um terço, estabelece relação entre o desempenho financeiro e não financeiro.
• 96% reportam seus principais riscos, mas apenas 23% integram esses riscos a outras áreas de seus relatórios, ligando-os à estratégia, aos modelos de negócio e aos indicadores-chave de desempenho (KPIs). Promover melhorias nesse ponto daria mais credibilidade ao modo como as companhias estão gerenciando seus riscos e tomando decisões operacionais importantes.
• Como se pode esperar, sob as exigências atuais, a maioria das companhias ainda não integra a performance financeira com a não financeira em seus relatórios. Isso sugere que há um caminho a ser percorrido rumo à construção de um entendimento de negócios que mostre como as organizações criam e destroem seus valores (não é apenas a criação que retorna aos stakeholders) e como isso afeta conquistas futuras das companhias.
Segundo relatório do IIRC e Black Sun, para 93% das empresas o RI ajuda a reduzir a distância entre áreas, como os de estratégia, controladoria, TI, relações com investidores, finanças, sustentabilidade e comunicação corporativa. Dos entrevistados, 98% concordam que o RI permite entender melhor o processo de criação de valor e 95% afirmam ter mais clareza sobre o modelo de negócios permitindo maior foco nos indicadores-chave de desempenho.
O modelo de relatório integrado vem ganhando força entre as maiores companhias do mundo. As empresas que fazem parte do projeto piloto do IIRC afirmam que estão conseguindo avaliar melhor os riscos e as oportunidades porque o relatório integrado permite uma gestão e uma abordagem dos negócios de forma holística. A minuta com o modelo de Relatório Integrado proposto pelo IIRC está disponível para consulta pública e comentários até 15 de julho.