Lucro de empresas abertas cresce 16%
Depois de três anos de recessão e dois de baixo crescimento, a economia brasileira começa a dar sinais de que deve acelerar o ritmo de expansão. Um indicador relevante são os balanços das empresas. Levantamento feito pelo Valor Data mostra que, no terceiro trimestre, o lucro líquido combinado de 281 companhias de capital aberto somou R$ 21,3 bilhões, alta de 16,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Os números excluem instituições financeiras e os resultados de Petrobras, Eletrobras e Vale, que devido a seu tamanho distorcem a compreensão do conjunto das empresas. Incluindo-se as três, o lucro consolidado sobe para R$ 32,1 bilhões, 22% acima do resultado do mesmo trimestre no ano passado.
A receita líquida das 281 companhias avançou 17%, para R$ 406,6 bilhões. O resultado operacional (antes do pagamento de juros e tributos) cresceu 26%. Com isso, o lucro operacional foi de R$ 49,8 bilhões e a margem operacional, de 12,2% – 0,9 ponto percentual acima da observada no terceiro trimestre de 2017.
A expectativa de analistas é de continuidade desse desempenho positivo e aumento do nível de investimentos, já que as empresas fizeram os ajustes internos necessários e terão espaço para crescer. Segundo David Beker, economista-chefe e estrategista do Bank of America Merrill Lynch no Brasil, as companhias fizeram a “lição de casa” até o terceiro trimestre, com corte de custos e redução de dívida. Isso ficou nítido com a melhora dos resultados, mesmo com a revisão para baixo da projeção de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2018. “Os resultados continuaram fortes e o mercado já muda o foco para 2019”, disse Beker.
André Carvalho, estrategista de ações do Bradesco BBI, observou que o terceiro trimestre foi marcado por forte contraste entre a realidade das companhias e o ambiente econômico, contaminado por incertezas sobre o resultado das eleições.
“Enquanto o lado microeconômico estava em ótimo estado, com o endividamento sob controle e redução da inadimplência, havia névoa no lado macro, que impedia a previsão do que iria acontecer no dia seguinte”, disse Carvalho. “Antes das eleições, as empresas estavam em compasso de espera, com planos de investimento e contratações pausadas. A partir de agora, vamos ver a economia acelerar com a retomada dos investimentos”, acredita.
Fonte: Valor Econômico