Licença-maternidade de seis meses pode render lucros para o futuro das crianças
A licença-maternidade de seis meses significa investimento com elevados lucros para crianças, empresas, mães e poder público. A criança lucra com a amamentação exclusiva durante os seis primeiros meses de vida e do fortalecimento do vínculo afetivo mãe/filho, duas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). A amamentação estimula na criança a liberação de endorfina, hormônio associado à sensação de prazer e bem-estar. O vínculo afetivo forte e estável entre a criança, a mãe, o pai e a família desenvolve, na criança, o sentimento de pertencimento e estrutura o comportamento humano não-agressivo e resistente ao estresse.
Estudos mostram que boa parte da violência social e da criminalidade decorre da privação afetiva nos primeiros tempos da existência. “Crianças privadas desse contato correm o risco de se tornar adolescentes e adultos com possibilidades limitadas de dar e receber afeto”, diz o pediatra Dioclécio Campos Júnior.
Além disso, segundo o mesmo pediatra, o leite materno é capaz de prevenir diversos males do primeiro ano de vida, como pneumonia, diarreia e doenças alérgicas. Ainda reduz o risco de enfermidades do adolescente e do adulto, tais como hipertensão arterial, obesidade, diabetes, alergia, doenças coronarianas e algumas formas de câncer, como os linfomas.
A empresa tem colaboradoras mais motivadas e integradas à sua política organizacional. Redução nos gastos com licença para tratamento de doença dos filhos. Contribuição para o desenvolvimento da comunidade onde está inserida. Conhecimento real de onde está sendo investido seu dinheiro, visto que o valor pago pelos dois meses adicionais de licença-maternidade será integralmente deduzido do Imposto de Renda.
A mãe tem mais tempo para se recuperar do estresse da gravidez, do parto e das primeiras semanas de cuidados com o filho. Por meio do aumento do tempo de amamentação, tem maior proteção contra doenças, como câncer de mama e ovários, diabetes, osteoporose e obesidade. Também está menos sujeita à depressão pós-parto.
Além de lucros como empregador, o poder público tem economia nos gastos com saúde, pois a prevenção de doenças pelo aleitamento materno reduz consultas médicas, fornecimento de medicação e internação hospitalar. Somente para o tratamento hospitalar da pneumonia no primeiro ano de vida, estimam-se despesas de R$ 400 milhões anuais.
Além disso, economiza com a construção e manutenção de creches, pois a criança será cuidada por sua mãe. Diante da expectativa de uma sociedade futura com adultos mais tranquilos e menos violentos, pode-se prever redução nos gastos com policiamento, construção e manutenção de prisões e outras estruturas destinadas à prevenção, tratamento ou contenção da delinquência.
*Odair Pavesi é psicólogo, com formação em psicodrama e especialização em psicologia hospitalar. É proponente da prorrogação da licença-maternidade para as servidoras públicas de Joinville e de Santa Catarina
** publicado em A Notícia / ANexo Ideias