IPCA cada vez mais longe da meta
Com a alta de março, indicador acumulado dos últimos 12 meses chega a 6,3%, bem acima dos 4,5% desejados pelo governo.
O índice oficial de inflação fechou março em alta de 0,79%. Usado como balizador das metas do governo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula, em 12 meses, taxa de 6,3%, a maior desde novembro de 2008, que registrou acumulado de 6,39%.
O índice de 12 meses sobe desde agosto do ano passado. Para alguns especialistas, um eventual aumento da gasolina, que ocupa o centro das discussões no governo, será suficiente para que a inflação estoure o teto da meta. O centro da meta de inflação para 2011 foi estabelecido em 4,5%, com tolerância de dois pontos para cima ou para baixo.
Em comparação com a alta de 0,80% com fevereiro, houve aparente estabilidade. Mas, as variações de preços foram diferenciadas, com influência maior de alimentos e combustíveis.
– De fato, a inflação está em um nível realmente alto e uma taxa crescendo em 12 meses mostra um patamar diferente – comentou Eulina Nunes, técnica do IBGE responsável pela pesquisa do IPCA.
Alimentos e transportes, que haviam iniciado o ano em forte alta e depois desaceleraram em fevereiro, voltaram a pressionar a inflação com mais força em março. Os dois grupos tiveram as mais altas variações de preço no mês passado: 0,75% e 1,56%, respectivamente.
Diante da alta, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizou com novas medidas de combate à inflação.
– Estamos vigilantes. Vamos tomar medidas em relação a isso mesmo sabendo que a inflação de alimentos está caindo – disse ele ao chegar ao Ministério da Fazenda.
Ao comentar o resultado do IPCA de março, Mantega disse que todos os analistas se enganaram, que houve no mês passado um repique da inflação de alimentos que não era esperado e que está relacionado com o regime de chuvas.
– Daqui a pouco isso cai, com certeza – afirmou Mantega.
* Diário Catarinense