Iniciativa privada vai pagar 58% da Copa 2014
Estudo mostra que empresas vão desembolsar cerca de R$ 17,1 bi em obras no Brasil
A Copa do Mundo de 2014, que acontecerá no Brasil, vai custar cerca de R$ 29,6 bilhões, sendo que R$ 17,1 bilhões – ou 58% do total – deverão sair dos cofres das empresas privadas. Os outros R$ 12,5 bilhões virão do governo. Os dados estão em uma pesquisa recém-divulgada da Ernst & Young feita em parceria com a FGV (Fundação Getulio Vargas).
Dos R$ 29,6 bilhões, os turistas estrangeiros deverão deixar R$ 5,94 bilhões por aqui, e despesas diversas somarão R$ 1,18 bilhão. A maior parte terá como destino “obras permanentes”, que beneficiarão a população brasileira. Pelo menos R$ 22,4 bilhões serão investidos na construção e modernização de estádios, na ampliação de serviços de transporte e na expansão da rede hoteleira.
Para o presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de São Paulo), Carlos Alberto Safatle, a maior parte das obras será construída na modalidade das PPPs (parceiras público-privadas).
– É uma modalidade nova de investimento, no qual participam recursos do governo e particulares. Normalmente, a empresa privada ganha a concessão para explorar o serviço por 30 ou 35 anos e o retorno que ela recebe vai pagando o investimento. Um exemplo de sucesso [das PPPs] é o metrô de São Paulo.
A Copa terá 12 cidades-sede – Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Salvador, Recife, Natal, Fortaleza e Manaus. A readequação dos estádios custará R$ 4,62 bilhões, segundo o estudo. Só para embelezar vias onde haverá turistas, os gastos estão estimados em R$ 2,84 bilhões. Para Safatle, esse gasto é necessário.
– Os estádios brasileiros, na sua maioria, foram construídos nas décadas de 1940, 1950 e 1960 para apenas uma torcida – a da casa. Hoje, o cenário é outro: as duas torcidas pulam e vibram o tempo todo. Existe um novo cálculo estrutural [isto é, o gasto para fazer um estádio aumentou]. Além disso, as novas arenas são multiuso, usadas para shows e eventos religiosos, por exemplo [o que requer cuidados extras].
Segundo a Ernst & Young, “ao longo de junho e julho de 2014, a Copa gerará um fluxo adicional de 2,25 milhões de passageiros nos aeroportos brasileiros”. O levantamento aponta ainda que 4.334 km de rodovias brasileiras deverão ser reconstruídas, modernizadas e ampliadas.
O transporte foi o principal tema de um seminário sobre infraestrutura realizado no Rio de Janeiro nesta semana. Jaime Henrique Caldas Parreira, responsável pela diretoria de Engenharia e Meio Ambiente da Infraero, explica que serão feitos investimentos em todos os 16 aeroportos que serão utilizados na Copa.
– Somente nos aeroportos das cidades-sede vamos investir R$ 5,3 bilhões. Além disso, continuaremos investindo nos demais terminais do país. Muitos ficarão totalmente renovados, outros terão soluções parciais, como Guarulhos. Mas todos estarão prontos para servir bem aos usuários.
Entre as mudanças na cidade do Rio estão a implantação de ônibus articulados, novas linhas de metrô e VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos), e demolição de viadutos (Perimetral). Safatle explica que o Brasil está passando por uma fase em que “está tudo crescendo”.
– Estamos com 85% da nossa capacidade instalada ocupada em todos os setores, desde serviços, aeroportos até a produção industrial. A gente sempre trabalhou com 50% ou 55%. Então, estamos na fase de investimentos maciços em infraestrutura, isto é, em aeroportos, comunicações, portos.
* publicado no R7.com