Indústria andou para trás em 2016
A queda do faturamento do setor foi de 12%, o número de postos de trabalho diminuiu 7,5% e as horas trabalhadas na produção recuou 7,6%
Empresas do setor industrial terminaram o ano de 2016 com queda de dois dígitos no faturamento. Dados apresentados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que o faturamento real do setor caiu 12,1% no acumulado do ano passado na comparação com 2015.
No relatório de Indicadores Industriais, a CNI diz que 2016 foi um ano de muitas dificuldades e os números mostraram expressivas quedas na comparação com 2015.
Segundo o relatório, o ano passado terminou com queda de 7,6% nas horas trabalhadas na produção e retração de 7,5% no emprego industrial.
A massa salarial caiu com ainda mais força e recuou 8,6% no acumulado do ano, na comparação com 2015.O documento da CNI mostrou ainda que o rendimento médio real caiu 1,2% no ano e registrou recuo de iguais 1,2% em dezembro na comparação com novembro na série com ajuste sazonal. Sem ajuste, o número perdeu 3,8% no último mês do ano passado.
EMPREGO
A indústria emitiu sinais marginais de recuperação em dezembro de 2016. Dados apresentados pela CNI mostram ligeira reação dos indicadores de horas trabalhadas, emprego e faturamento real em dezembro na comparação com novembro de 2016.
O emprego subiu pela primeira vez após 23 meses seguidos de queda, segundo o relatório dos Indicadores Industriais produzido pela entidade industrial.
Segundo a série dessazonalizada da CNI, a melhor reação foi vista nas horas trabalhadas na produção, indicador que teve alta de 1% em dezembro ante novembro.
Essa foi a segunda elevação mensal seguida desse índice. O emprego também apresentou ligeira reação em dezembro, com alta de 0,2% ante o mês anterior no primeiro aumento após 23 meses de piora.
Mesmo com essa ligeira reação do emprego, a massa salarial real continua em queda e registrou retração de 1,6% na mesma base de comparação.
O relatório da CNI informa ainda que o faturamento real da indústria também subiu ligeiramente 0,1% ante o mês anterior.
Apesar da ligeira reação vista nos indicadores de dezembro, os números continuam bastante negativos quando comparados com igual mês do ano de 2015.
No faturamento real, há queda de 4,8%. O emprego acumula perda de 5% ante dezembro de 2015, enquanto houve recuo de 8,7% na massa salarial e queda de 1,1% nas horas trabalhadas.
RECUPERAÇÃO
Apesar dos números de 2016, a indústria parece que começa a ver uma luz no fim do túnel. Os sinais de reação da atividade acontecem na esteira da queda da inflação, redução dos juros e gradual reação da confiança do empresariado.
O gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, destaca a reação na margem de indicadores como emprego e horas trabalhadas para afirmar que parece que “a economia bateu no fundo do poço” e se prepara para levantar.
“O emprego subiu pela primeira vez após 23 meses de queda e as horas na produção trabalhadas aumentaram pelo segundo mês seguido. Esses números mostram ou sinalizam o início de uma possível reversão da trajetória negativa que já vem há dois anos”, disse o economista.
“Se a tendência persistir, indica que as empresas podem estar esperando a retomada da demanda em 2017”, disse.
Castelo Branco cita que há fatores que pesam a favor da leitura positiva de cenário. O economista cita como exemplos a queda da inflação e a consequente redução dos juros em ritmo mais acentuado que o esperado inicialmente. Esse quadro deve melhorar as condições de crédito para empresas e famílias, o que tende a incentivar a demanda.
Fonte: Diário do Comércio