IDC: Governo não vai arrecadar o que espera com fim da desoneração
O desempenho já é de um mercado esfriado e a tendência é de novos recuos nas vendas de smartphones e celulares em geral. A projeção da consultoria IDC é de queda de 8% nas vendas dos aparelhos mais sofisticados e de 24% nos feature phones. E se vingar o fim da desoneração prevista na Lei do Bem, será pior.
“Caso a Medida Provisória 690 seja aprovada (…) não temos dúvida de que o mercado será afetado de forma contundente e bastante negativa. E a arrecadação extra de R$ 6,7 bilhões em 2016 que o governo espera com essa medida será menor, pois a expectativa para o ano que vem já é de desaceleração”, diz a IDC.
Segundo a análise, “devido a alta do dólar e a crise econômica de forma geral, essa indústria deve ficar abaixo de R$ 70 bilhões e, com a volta dos tributos para PCs, celulares e tablets, a redução desse faturamento poderá variar entre R$ 4 e R$ 7 bilhões. É um valor muito significativo, que afetará toda a cadeia como importadores, montadores, fabricantes, transportadores e lojas de varejo”.
Entre abril e junho de 2015, mais de 11,3 milhões de smartphones foram vendidos no Brasil. O volume representa queda de 13% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando mais de 13 milhões de celulares inteligentes foram vendidos.
O recuo na venda dos aparelhos mais comuns, ou feature phones, foi ainda pior, conforme tendência já verificada de prevalência dos smartphones. Os dados são de um estudo feito pela consultoria IDC Brasil mostra que houve queda de 78%, com 936.725 aparelhos comercializados.
Até o fim do ano, a consultoria prevê que 50 milhões de smartphones sejam vendidos no país. “O número é 8% menor do que o volume comercializado em 2014. Já o mercado total, somando feature e smartphone, deve cair 24%”, apontam as projeções da IDC.
“Os problemas na economia, a inflação acima de 9%, a taxa de desemprego crescente e o índice de confiança do consumidor, que está em um patamar pior do que durante a crise de 2009, são os fatores responsáveis pelo mau desempenho”, afirma o analista de pesquisas da IDC Brasil, Leonardo Munin.
“Em 2015, teremos apenas o primeiro trimestre com alta nas vendas”, diz o analista. De ‘positivo’, a queda de apenas 7% na receita. “Mostra que o consumidor brasileiro não está mais tão sensível aos preços e compra produtos mais caros também”, emenda. Porém, os equipamentos tem ciclo de vida maior.
O ticket médio dos aparelhos aumentou R$ 78 – passou de R$ 789 para R$ 867 na passagem do primeiro para o segundo trimestre. A maior fatia dos smartphones é de dispositivos de 5 a 5,5 polegadas. Os phablets, aparelhos com telas acima de 5,5 polegadas, corresponderam a apenas 3% das vendas.
Ainda segundo o estudo, o mercado antecipou compras para tentar fugir de repasses do dólar mais alto e o estoque em toda a cadeia de produção, seja de insumos ou de aparelhos prontos, nunca foi tão grande como no segundo trimestre deste ano.
Muitas empresas fizeram verdadeiras loucuras para conseguir cumprir suas metas. As operadoras concentram esforços na renovação dos aparelhos de seus clientes. Observam em seus bancos de dados os que adquiriram smartphones há algum tempo e propõem atualização.
“Se não houvesse essa movimentação, a queda no volume de vendas seria ainda maior”, diz o analista. E o restante do ano não deve ser diferente. “Apenas a Black Friday e o Natal podem dar algum fôlego ao mercado. Se o dólar continuar alto, um novo repasse de preços pode acontecer nos próximos meses.”
Convergência Digital