Ibovespa perde 2,8% na semana e reforça tendência de baixa
A queda da bolsa brasileira na sexta-feira foi um pouco mais amena do que os 2% de ontem quinta, mas o pano de fundo permaneceu o mesmo: o mau humor dos investidores, especialmente com os mercados emergentes. Desta forma, a aversão ao risco e a busca pela qualidade, por ativos seguros, como os títulos do Tesouro americano, levaram o Ibovespa a recuar para a casa dos 47 mil pontos, pontuação que não era vista desde agosto do ano passado.
“O botão da aversão ao risco foi acionado com toda força, principalmente nos mercados emergentes”, resume o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. O especialista lembra que as tensões começaram a aumentar com o dado preliminar de atividade industrial (PMI) da China, que apontou desaceleração da segunda maior economia do mundo. Depois vieram turbulências cambiais na Turquia e na vizinha Argentina. “A tensão na Argentina ajudou a alastrar o nervosismo para outros emergentes”, observa Gala.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,10%, aos 47.787 pontos, depois de marcar mínima nos 47.493 (-1,71%). O volume financeiro alcançou a R$ 6,768 bilhões. Desta forma, a bolsa brasileira encerra a semana com perda de 2,8% e acumula baixa de 7,2% no ano.
Entre as principais ações do índice, Vale PNA resistiu em alta de 1,70%, a R$ 28,63, enquanto Petrobras PN recuou 2,39%, para R$ 15,10 e Itaú PN perdeu 1,31%, a R$ 29,26. A lista de maiores altas trouxe basicamente empresas exportadoras que, assim como a Vale, se beneficiam da alta do dólar frente ao real: Bradespar ON – que possui Vale em sua carteira de investimentos – subiu 2,24%, seguida de Fibria ON (2,12%) e JBS ON (1,85%).
Na ponta negativa ficaram Brookfield ON (-6,06%), Gol PN (-4,38%) e Marfrig ON (-4,16%). Brookfield devolveu parte da forte alta de ontem, quando disparou 18,91% com rumores de fechamento de capital. A empresa informou à CVM apenas que desconhece o motivo das fortes oscilações. Gol PN também embolsou ganhos recentes, provocados pelo forte dado de demanda de passagens em dezembro.
“O que está ruim ainda pode ficar pior”. Com essa frase, o analista técnico da Clear Corretora, Raphael Figueredo, define o que estar por vir nas próximas semanas. Segundo o especialista, o Ibovespa perdeu outro suporte no gráfico semanal, na linha dos 48.900 pontos, reforçando ainda mais a tendência de baixa, rumo aos 45 mil pontos.
Valor Econômico