Grandes categorias pedem aumento real de salários de até 10%
Fortalecidos pelas recentes greves feitas por servidores públicos, petroleiros, químicos, metalúrgicos e bancários vão à mesa de negociação.
Grandes categorias de trabalhadores, como petroleiros, químicos, metalúrgicos e bancários, têm data-base de campanha salarial marcada para os próximos três meses com pedidos de aumento real que vão de 2,5% a 10%. Fortalecidos pelas recentes greves protagonizadas por servidores públicos, os trabalhadores vão à mesa de negociação confiantes em um acordo que se aproxime de suas reivindicações. Mas não descartam entrar em greve se não forem atendidos.
Na terça-feira, 4, uma reunião entre metalúrgicos e representantes do setor de máquinas e eletrônicos de São Paulo terminou sem acordo e com a entrega de um ofício que alerta para uma possível greve. “A ideia é até quinta-feira estar com isso resolvido, senão é problema marcado”, disse o presidente da Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (FEM CUT-SP), Valmir Marques, o Biro Biro.
Químicos, petroleiros e bancários reforçam a postura dos metalúrgicos e mostram que, apesar da expectativa positiva de acordos, consideram cruzar os braços caso não haja acordo. Os trabalhadores da Petrobrás começam na terça-feira uma semana de mobilizações com atrasos nos turnos para pressionar a negociação. “Estamos otimistas, mas não estamos dormindo no ponto”, alerta o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes. “O setor de petróleo tem crescido muito, temos expectativas positivas. Mas a negociação nunca é fácil, só esperamos que este ano seja menos difícil que nos anteriores.”
Os petroleiros entregaram pauta de reivindicações à Petrobrás na sexta-feira, 31, por meio da qual reivindicam 10% de aumento real, além de reposição da inflação. A pauta dos petroleiros este ano é só econômica, já que questões sociais e trabalhistas têm prazo de validade de dois anos e já foram acordadas em 2011. Além do aumento salarial, os trabalhadores pedem definição de critérios para determinar participação nos lucros e resultados (PLR). Segundo Moraes, a Petrobrás tem atualmente 80 mil petroleiros, dos quais 50 mil estão na base da FUP.
Já os bancários decidiram na terça-feira, 4, entrar em greve no dia 18, após mais uma rodada fracassada de negociação. Antes disso, o Comando Nacional dos Bancários fará assembleias para ouvir a categoria em todo País. A expectativa da categoria é de que a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) apresente nova proposta antes disso e reabra as negociações. Os banqueiros propõem um reajuste linear para salários, pisos e benefícios de 6%, enquanto os trabalhadores pedem 10,25%, sendo 5% de aumento real.
IPI reduzido
“Outras categorias já conquistaram aumentos reais de salários e ainda estamos com geração de empregos positiva no setor, apesar de menor que no ano passado”, afirma Sergio Luiz Leite, presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo. Os químicos têm um motivo a mais para se manter confiantes: o benefício da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis, que fez a indústria automotiva bater recorde histórico em agosto. “Os automóveis usam muitas peças de plástico, produzidas também pelo setor químico”, disse Leite.
Os químicos entregam a pauta dos trabalhadores no próximo dia 19, com pedido de aumento real de 5%, além da reposição da inflação. A categoria espera que as empresas comecem a se manifestar a partir de 25 de setembro. Além do reajuste, pedem que o piso salarial passe de R$ 950 para R$ 1.200 e participação nos lucros e resultados (PLR) mínima em R$ 1.200.
Já os metalúrgicos querem 2,5% de aumento real, além do reajuste pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 5,3%. “Nós estamos na fase final da negociação, nossa data-base é em 1º de setembro. O ideal é que já tivéssemos proposta para apresentar para os trabalhadores, mas não temos”, disse Marques. “Temos 48 horas depois de oficializar a greve para começar a paralisação. Podemos começar a qualquer momento”, disse, referindo-se ao alerta feito ontem, 4 de setembro. A proposta patronal foi de 5% de reajuste. “Isso não dá nem o INPC”, reclamou Marques.
Ao todo, a Federação dos Sindicatos de Metalúrgicos negocia com seis grupos no Estado de São Paulo este ano, já que as montadoras ficaram de fora, pois o acordo do ano passado também vale para 2012. Nesta quarta-feira, 5, Marques se reúne com classe patronal de setores como autopeças, estamparia e fundição. Até agora, apenas o grupo que reúne sindicatos patronais dos setores de lâmpadas, equipamentos odontológicos, iluminação e material bélico não agendou nova reunião.
* Agência Estado