Governo quer reduzir rotatividade de quem ganha até 2 salários mínimos
O ministro Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República) disse nesta quinta-feira (20) que o governo estuda a criação de uma política capaz de reduzir a alta rotatividade dos trabalhadores formais que ganham até dois salários mínimos. O salário mínimo, hoje, está em R$ 622.
“É um dos pontos que estamos debruçados, porque isso é prejudicial ao trabalhador, à empresa e ao país. A rotatividade diminui a possibilidade de aumentarmos a produtividade, porque ela decorre da experiência e do conhecimento”, disse.
“Se você não tem certa permanência, não trabalha as experiências e não traz para o seu trabalho o conhecimento que adquirido”, afirmou o ministro.
Segundo Moreira Franco, o governo procura uma maneira de interromper esse movimento. “Precisamos de uma política voltada a baixar essa rotatividade do trabalhador brasileiro e para aumentar produtividade”, disse.
CLASSE MÉDIA
O ministro participou hoje do lançamento do projeto “Vozes da Classe Média”, que divulgará estudos, a cada dois meses, para criação de políticas públicas para essa faixa de renda –que deve movimentar, apenas este ano, R$ 1 trilhão– segundo estimativas do governo.
Atualmente, 104 milhões de brasileiros fazem parte da classe média, o equivalente a 53% da população do país. Há dez anos, essa faixa representava 38% do total de brasileiros.
Segundo o ministro Moreira Franco, esse crescimento foi motivado pelos aumentos reais do salário mínimo e de incentivo ao emprego formal.
“Diferentemente do que muita gente diz, não foi a política assistencial que elevou 40 milhões de brasileiros à classe media, fazendo dela maioria da população. Foi a renda, o trabalho e o esforço pessoal”, disse.
DESAFIOS
Na lista de desafios para o governo, de acordo com o ministro, está a necessidade de garantir às pessoas que saíram das classes mais baixas as condições para serem protagonistas de seu crescimento.
“Essas pessoas precisam da meritocracia, da igualdade de oportunidades, da diversidade de oportunidades. Para isso, precisamos que elas falem e que o governo e a sociedade ouçam”, disse.
O governo também pretende planejar maneiras de garantir que essas pessoas permaneçam na classe média. “[Precisamos] Dar sustentabilidade, para que o que elas conquistaram seja preservado. Precisamos de políticas econômicas, não mais de políticas sociais”, disse Moreira Franco.
Classe média movimenta R$ 1 trilhão, indica estudo
A classe média brasileira deve movimentar neste ano R$ 1 trilhão, segundo estimativas do governo. São 104 milhões de brasileiros, ou 53% da população total do país. Há dez anos, eram 38%.
Se esse contingente de pessoas formasse um país isolado, ocuparia o 18° lugar no ranking das 20 nações com maior consumo do mundo –o “G20 do consumo”–, segundo dados do Banco Mundial.
Em 2011, o PIB brasileiro foi de R$ 4,1 trilhões em valores correntes.
Quando considerado o critério de países mais populosos do mundo, o Brasil aparece como o quinto maior.
“Se a classe média brasileira isoladamente fosse um país, seria o 12º mais populoso do mundo, após o México”, diz o ministro Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.
“A adversidade é grande nesse grupo, por isso a meta é entender essa faixa de renda para desenvolver políticas públicas customizadas, econômicas e sociais.”
Os dados foram apresentados hoje em Brasília durante o lançamento do projeto Vozes da Classe Média, da secretaria, em parceria com o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
A cada dois meses serão divulgados estudos para discutir políticas públicas para a nova classe média do país.
A SAE levou quase um ano para definir critérios para classificar a população por faixa de renda. Pertencem à classe média famílias com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019. Essa classe foi dividida em três subgrupos: a baixa classe média (renda per capita de R$ 291 a R$ 441), a média (de R$ R$ 441 a R$ 641 por pessoa) e a alta classe média (de R$ 641 a R$ 1.019).
POR REGIÃO
Na estimativa de que a classe média deve movimentar R$ 1 trilhão no ano, os técnicos consideram projeções feitas partir das contas nacionais divulgadas pelo IBGE.
O cálculo considera produtos e serviços consumidos, além do crédito disponível para essa faixa de renda.
A maior parte da renda da classe média (46,1%) está no Sudeste. Dados do instituto Data Popular, que participa do projeto, mostram que o Nordeste representa 22,2%. O Sul com 16,4%; o Centro-Oeste, 8,4%, e o Norte, 6,9%.
Renato Meirelles, sócio e diretor do instituto, chama a atenção para o fato de 71% da classe média informar em pesquisas que “não vê grandes problemas” em pagar seus parcelamentos.
A leitura é ambígua. “As pessoas podem não ter a cultura financeira de lidar com crédito. Ou, como fazem bicos e consideram essa fonte de renda em suas previsões, sabem que não vão se enforcar”, diz Meirelles.
* Folha de S.Paulo
Concordo com o comentario do Alcemar. Se o governo acabar com o seguro desemprego, certamente a rotatividade de empregos acabaria, pois as pessoas não vêm a hora de atingir o prazo no emprego para ter direito ao seguro desemprego, começam a “aprontar” dentro da empresa até que sejam mandadas embora para entrar no tal “seguro desemprego” que para mim deveria se chamar “seguro vagabundos”.